Baixada Santista

A triste rotina de crimes previsíveis nas rodovias

07/01/2015
A triste rotina de crimes previsíveis nas rodovias | Jornal da Orla
Por Marco Santana

Foi preciso o repórter-cinematográfico Toninho Pinheiro, da TV Tribuna, flagrar a tentativa de assalto aos ocupantes de um carro, na Rodovia dos Imigrantes, no domingo (4) para o problema começar a ser tratado da maneira como deveria.
 
Os roubos em alguns trechos nas rodovias da região já se tornaram uma triste rotina e muitas vezes têm finais trágicos. Em dezembro de 2013, o canadense Dean William Tiessen, de 46 anos, foi assassinado a tiros por assaltantes no km 52 da Via Anchieta, nas proximidades da chamada Cota 95, em Cubatão. Os bandidos teriam se irritado com o fato de o estrangeiro não falar português.
 
Em outro assalto, em junho do ano passado, o vendedor Felipe Varjal Salazar, 42 anos, foi assassinado com um tiro na cabeça no km 56 da Rodovia dos Imigrantes, em Cubatão. 
 
Normalmente, os casos só chegam ao conhecimento da polícia quando terminam em tragédia fatal. Na maior parte deles, as vítimas acabam seguindo viagem e não registram boletim de ocorrência. 
 
Apesar de não haver uma estatística que evidencie o número exato de crimes, são mais do que conhecidos os locais prediletos dos bandidos. A polícia afirma tê-los identificado e reforçado a vigilância, mas, os fatos demonstram, não tem sido suficiente. 
 
Alguns dos locais mais visados pelos ladrões são os trechos da Rodovia dos Imigrantes que cortam a área urbana de São Vicente, próximo à favela México 70, ao Parque Bitarú e a Cidade Naútica. O trânsito, que durante a temporada já é ruim, piora por conta da existência de semáforos. Com o tráfego paralisado, os bandidos aproveitam e “fazem a festa”.
 
Outros pontos muito perigosos são os trechos da Via Anchieta próximos aos antigos bairros cota, na Serra do Mar. Antes habitados por milhares de pessoas, estes locais foram desocupados, com o programa de recuperação ambiental. No entanto, as ruínas do núcleo habitacional hoje servem de esconderijo para os bandidos.


 
Soluções que não chegam
Para combater o problema, é preciso tomar uma série de medidas. Uma delas, que parece óbvia para todo mundo, é aumentar o policiamento ostensivo nos trechos mais perigosos. A polícia diz ter aumentado o efetivo, por conta da Operação Verão, mas a medida tem se mostrado insuficiente. 
 
Outra boa providência seria instalar um sistema de monitoramento com câmeras de vídeo, que serviria para inibir a ação dos bandidos e também ajudar no trabalho da polícia.
 
Mais uma medida seria intensificar o trabalho de investigação, para identificar os autores dos delitos. Boa parte deles são velhos conhecidos da polícia. No caso ocorrido domingo, por exemplo, Edmilson Batista, o “Tigana”, e Jorge Henrique Dias, o “Bagana” foram logo reconhecidos pelos policiais do 2º DP de São Vicente. O primeiro é filho de um sargento do Corpo dos Bombeiros, já falecido, e o outro tem passagens por roubo, furto e tráfico de drogas, e até 1º de dezembro, estava preso.
 
A Ecovias, empresa que explora o sistema Anchieta-Imigrantes, afirma que planeja implantar barreiras físicas e reforçar a iluminação nos trechos críticos, mas as melhorias só serão executadas quando os projetos forem aprovados. Curioso como a concessionária só agora apresenta uma solução para um problema antigo e bem conhecido.
 
No trecho urbano da Rodovia dos Imigrantes, estão sendo construídos dois viadutos: um entre o  o km 65,25 e km 67,6 (sentido São Paulo) e o outro entre o o km 65,57 e o km 66,45 (sentido Litoral Sul). Ambos vão passar sobre a Avenida Marechal Rondon e a Rua Paulo Horneaux de Moura, eliminando seis cruzamentos com semáforos. A previsão do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) é que as obras fiquem prontas em janeiro de 2016.