Toda infecção por vírus caracteriza-se pela introdução do material genético viral em uma célula hospedeira. Normalmente, os vírus têm afinidade por determinados tipos de tecidos, caracterizando a doença que provocam. Cinco tipos diferentes de vírus causam as hepatites virais por terem afinidade pelas células do fígado. São denominadas pelas letras A, B, C, D e E, sendo diferentes entre si, causando um quadro próprio de hepatite.
Há preocupação específica com as hepatites do tipo B e C por poderem ser transmitidas pelo sangue e por relações sexuais desprotegidas. A hepatite B é considerada uma DST, enquanto a hepatite C apenas nas relações homossexuais entre homens e na coinfecção por HIV. O compartilhamento de seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e objetos que furam ou cortam também podem se tornar formas de contágio.
Os números são controversos, mas acredita-se que 0,5% de brasileiros estão infectados pelo vírus do tipo B e entre 5 e 10% da população com o tipo C. Os números são importantes porque as hepatites B e C cronificam, provocando cirrose e perda funcional hepática, exigindo-se o transplante. A cronificação também provoca câncer em 5% dos doentes. A hepatite C cronifica na ordem de 80% dos infectados, de um modo geral, enquanto a do tipo B cronifica mais nas crianças, do que os adultos. Em caso contrário, o organismo promove a cura por si só. A cronificação leva ao uso contínuo de medicamentos.
O uso de medicamentos contra a hepatite depende da fase, seja ela aguda ou crônica. O tratamento da fase aguda da hepatite C é considerada uma forma importante para se evitar a cronificação. Um medicamento indispensável é o interferon, o qual traz graves reações adversas, as quais são muitas diversas entre si. De alopecia a transtornos de humor, de sintomas semelhantes à gripe a alterações nas células sanguíneas.
Para a forma crônica de hepatite C, novos medicamentos estão surgindo na Europa e nos EUA, os quais não necessitam mais da aplicação do interferon, reduzindo a o nível das reações adversas. São medicamentos novos e caros, alguns não disponíveis no Brasil.
Obviamente, a prevenção sempre é a melhor opção. O uso de preservativos e não compartilhar instrumentos que entrem em contato com o sangue são fundamentais. Para a hepatite B, a vacina já está incorporada no calendário vacinal e o recém-nascido a recebe, preferencialmente, nas primeiras 12 horas de vida. Se a gestante tiver hepatite B, o recém-nascido deverá receber, além da vacina, outros medicamentos, para evitar a transmissão de mãe para filho. Até o momento, não vacina para a hepatite do tipo C.
Se ainda tiver dúvidas, encaminhe-as para o Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM) do curso de Farmácia da Unisantos. O contato pode ser pelo e-mail [email protected] ou por carta endereçada ao CIM, avenida Conselheiro Nébias, 300, 11015-002.