Com o início de um novo ano se aproximando, muitos brasileiros sentem a necessidade de avaliar as realizações do período que está terminando e estabelecer metas para o próximo. No entanto, quando o assunto é dinheiro, parcela significativa dos brasileiros ainda não se preocupa com o dia de amanhã, fato que acaba dificultando a realização dos seus objetivos.
De acordo com um levantamento realizado nas 27 capitais pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e pelo portal ‘Meu Bolso Feliz’, um terço dos consumidores (33%) entrevistados não conta com uma reserva financeira para realizar seus sonhos no futuro, como a compra de uma casa, carro ou viagem e outros 22% admitem não ter o hábito de guardar dinheiro pensando no amanhã.
Para o educador financeiro do portal ‘Meu Bolso Feliz’, José Vignoli, as pessoas têm, em geral, uma necessidade imediata de realizar seus desejos e ao não priorizar o planejamento das compras, acabam desperdiçando dinheiro em forma de juros, que vêm embutidos nos financiamentos. “O que vale para este consumidor imediatista é a sensação do prazer instantâneo com a compra, e como consequência disso, sonhos maiores acabam não sendo possíveis por serem mais caros”, diz o educador.
“O consumo não planejado é o primeiro passo para o descontrole do orçamento doméstico e a inadimplência. Por isso, o consumo precisa ser consciente, tanto para as pessoas que têm mais acesso ao crédito quanto às novas gerações que começaram a lidar com o dinheiro recentemente”, reforça Vignoli.
Preocupação com o futuro
Os especialistas do ‘Meu Bolso Feliz’ explicam que sempre que possível, o consumidor deve procurar manter algum dinheiro guardado tanto para as emergências como para a realização de sonhos, mesmo que se comece com um valor muito baixo. “Aos poucos, eles vão se tornando expressivos e vão se tornar importantes na hora do aperto”, orienta Vignoli.
O educador Vignoli afirma ainda que a melhor oportunidade para fazer planos de economizar dinheiro é em momentos de maior disponibilidade de recursos, como no recebimento das férias, do 13º salário, recebimento de um bônus na empresa, na venda de um bem ou no recebimento de herança. “Como a receita cresce com a entrada do dinheiro extra, o aporte na poupança pode ser maior”, afirma.
Disciplina para poupar
Para quem acredita ser impossível poupar mesmo que uma pequena quantidade de recursos por mês, a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, aconselha o uso de planilhas, tabelas ou anotações com todos os gastos domésticos para ajudar a identificar o montante que pode ser redirecionado para uma reserva financeira. Para um diagnóstico eficiente é preciso acrescentar todas as despesas previstas e não previstas, desde as contas fixas até gastos com alimentação fora de casa e lazer. “Dessa maneira fica mais fácil visualizar os gastos com bens supérfluos e direcioná-los para a poupança. Com um planejamento bem feito e disciplina, o valor necessário para atingir o seu objetivo pode não pesar tanto no bolso”, diz a economista.
Ter um objetivo que direcione a poupança também ajuda o poupador iniciante a manter a disciplina. “Quando temos um objetivo claro em mente, como uma viagem bacana ou a compra de um carro, é mais fácil manter o foco e a frequência da poupança. A visão de que se pode alcançar um objetivo maior torna os ajustes no orçamento mais palpáveis.”, explica Marcela.