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Estão falando que…

22/10/2014
Estão falando que… | Jornal da Orla
Parece que todos se tornaram profundos conhecedores da cena política brasileira e, como já era previsto, a boataria também corre solta nesta época, o que ajuda a confundir ainda mais a cabeça de eleitores indecisos e alimenta o repertório dos que já fizeram sua escolha. 

Incautas ou maldosas, as pessoas espalham informações na vida real e compartilham acusações no meio virtual sem checar a veracidade, sem provas, sem sequer se permitir um momento de bom senso. Os boatos sempre aparecem em ano de escolher presidente, mas a coisa se agravou com a popularização da internet e a disposição de parte dos eleitores em propagar histórias que estejam mais de acordo com suas convicções políticas.

Enquanto boatos são vendidos como notícias, em estratégias inescrupulosamente pensadas, cabe ao eleitor prestar atenção ao que recebe, seja pessoalmente, seja por meio virtual. Embora não exista “santo” na história. Mestre em Ciências da Comunicação e pesquisador da USP, o jornalista Christian Godoi lembra que a informação repercute em cada pessoa de forma diferente e vai influenciá-la se for aquilo que ela estiver desejando ouvir no determinado momento.

Selecionar, descartar e a forma de interpretar a informação vai depender não só de quem passa, mas principalmente de quem recebe. “Vários elementos interferem no diálogo. Cada indivíduo tem seu repertório de conhecimento e, dependendo do seu interesse, vai selecionar o que deseja ouvir, de acordo com seus valores pessoais, e reproduzir isso em seu discurso”, analisa o pesquisador. 

Não caia nas armadilhas

Christian Godoi cita a rede social como o melhor termômetro de como isso funciona. “O eleitor que está em dúvida busca o que está próximo do que pensa.
Já aquele que se definiu quer endossar sua opinião”. No caso de acusações e denúncias envolvendo este ou aquele candidato, Godoi orienta checar a informação junto aos meios confiáveis ou pessoas que tenham credibilidade.
 
Especialistas em política também recomendam aos eleitores avaliarem com muita cautela toda informação que saia dos padrões normais de uma campanha, como denúncias, dados inflados, fotografias supostamente comprometedoras, “câmeras escondidas”, gravações em ou áudio em situações bizarras. 

Para não cair nestas armadilhas, o eleitor precisa acompanhar a internet, os telejornais, os jornais impressos e as emissoras de rádio que, normalmente, detalham mais a notícia. É preciso ter muito cuidado com informações de blogs obscuros ou perfis enigmáticos nas redes sociais.

Época é propícia para boatos

O fascínio em propagar boatos em nome de convicções pessoais é percebido principalmente em época de eleição – fim do Bolsa Família e a criação do Bolsa Prostituta são alguns dos boatos que já circularam este ano. A história política brasileira é recheada deles, mas dois casos ficaram célebres: na campanha de 1989, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva foi acusado de ligação com o sequestro do empresário Abílio Diniz apenas porque um dos sequestradores foi visto usando uma camiseta do PT. 
 
Quatro anos antes, quem reclamava de boato era Fernando Henrique Cardoso, que perdeu a campanha para prefeito de São Paulo em 1985 contra Jânio Quadros, que aproveitou a resposta evasiva de FHC sobre sua fé para espalhar a história de que ele era ateu, assunto que pesou na escolha do eleitor.

Debate decisivo

A última chance para os candidatos conquistarem mais votos acontece no debate que a TV Globo promove nesta sexta-feira (24), às 22h10 -ou melhor, após a novela “Império’. A expectativa é quanto à postura que Dilma Roussef (PT) e Aécio Neves (PSDB) vão adotar: o clima agressivo do dabete realizado no SBT ou o clima mais ameno, mas não menos combativo, do encontro ocorrido na TV Record, no domingo.
 
O horário eleitoral gratuito termina na sexta-feira. No sábado, a lei eleitoral só permite manifestações pessoas. No domingo, qualquer tipo de propaganda está proibida.