
Teriam de agir rapidamente, senão a menina morreria. Era urgente fazer uma transfusão, mas como? Após alguns testes, perceberam que ninguém ali tinha sangue compatível. Reuniram as crianças e, entre gesticulações arranhadas no idioma, tentavam explicar o que estava acontecendo e que precisariam de um voluntário para doar sangue.
Depois de um silêncio sepulcral, viu-se um braço magrinho levantar-se timidamente. Era um menino chamado Heng. Ele foi preparado às pressas ao lado da menina agonizante, e espetaram-lhe uma agulha na veia. Ele se mantinha quietinho e com o olhar fixo no teto.
Passado algum momento, ele deixou escapar um soluço e tapou o rosto com a mão que estava livre. O médico perguntou-lhe se estava doendo e ele negou. Mas não demorou muito a soluçar de novo, contendo as lágrimas. O médico ficou preocupado e voltou a perguntar-lhe, e novamente ele negou. Os soluços ocasionais deram lugar a um choro silencioso, mas ininterrupto.
Era evidente que alguma coisa estava errada. Foi então que apareceu uma enfermeira vietnamita vinda de outra aldeia. O médico pediu que ela procurasse saber o que estava acontecendo com Heng. Com a voz meiga e doce, a enfermeira foi conversando com ele e explicando coisas e o rostinho do menino foi se aliviando… Minutos depois, ele estava novamente tranqüilo. A enfermeira então explicou aos americanos:
Esse é o maior gesto de amor que podemos oferecer a alguém que amamos: a nossa vida, para que outra continue a sua. Essa é uma história real e nos mostra como o exemplo de um pequenino pode nos atingir como uma bomba, num mundo onde o amor deveria ser o grande diferencial e serve como exercício de sensibilização.
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