Santos

Votos voam para fora da região

08/10/2014
Votos voam para fora da região | Jornal da Orla
Na frieza dos números, parece que a situação não se alterou: foram eleitos três deputados estaduais e três federais que têm vínculo com a Baixada Santista, no domingo passado (5). Mas, uma análise um pouco mais profunda revela que a votação dada aos candidatos da região caiu sensivelmente e a quantidade de parlamentares só foi assegurada graças a dois campeões de votos, Celso Russomano e Pastor Feliciano.

A votação de Russomano  (1.524.361 votos) permitiu a reeleição do deputado federal Beto Mansur (31.301 votos) e o primeiro mandato na Câmara federal de Marcelo Squasoni (30.315 votos), que atualmente é vereador de Guarujá. Já Paulo Corrêa Júnior (38.489 votos) deve sua eleição ao Pastor Feliciano (188.898). 
Apenas dois dos eleitos tiveram votação expressiva -superior à casa dos 100 mil: Caio França elegeu-se deputado estadual com 123.138 votos, mais até do que João Paulo Tavares Papa (PSDB), que para assegurar uma vaga na Câmara Federal obteve   117.590 votos. 

Tiveram votações insuficientes e não se reelegeram nomes de peso da política regional como Telma de Souza (55.250), Luciano Batista (36.224) e Maria Lúcia Prandi  (26.362).
 
Candidatos estrangeiros
Mas por que os candidatos com vínculos com a região tiveram votação tão baixa? Para o  cientista político Marcelo Di Giuseppe, o principal responsável é o eleitor da Baixada Santista. “A região não deu importância a seus candidatos”, argumenta. “Eu até aceitaria candidatos eleitos pelo quociente eleitoral, desde que tivéssemos campeões de voto na região. O Caio, por exemplo, teve 60% dos votos de São Vicente. Dos seus cerca de 50 mil votos, o Cássio Navarro teve 32 mil votos em Praia Grande. É inaceitável que candidatos de outras regiões venham tirar votos daqui”, argumenta.

Segundo ele, a situação é reflexo do atual sistema eleitoral, que não estabele o voto distrital. “Mas a culpa maior é do nosso eleitor, que deveria, sim, ser bairrista”, afirma. “Paulo Correa, Cássio Navarro, Marcelo Squasoni são deputados que hoje temos condições de cobrá-los. Sabemos onde eles moram, trabalham, vivem. Então, por exemplo, quem votou no Tiririca, que vá cobrá-lo. Quem votou no Russomano, que vá atrás dele”.

Di Giuseppe ressalta também que os “campeões de voto” conseguiram este resultado graças à grande exposição na mídia. Além de aparecerem bastante no horário eleitoral no rádio e na TV, Tiritica e Celso Russomano são personalidades muito presentes ao longo de todo o ano.