Primeiro nos cinemas e depois no formato DVD. São noventa minutos de pura emoção em que não foram necessários diálogos e com absoluta ausência de palavras.
A música falou por si literalmente e se encarregou de transmitir a mensagem. Uma verdadeira viagem pelo tempo e pela incrível genialidade do maestro, emocionando desde o primeiro instante. Elis Regina, Agostinho dos Santos, Elizeth Cardoso ao lado de João Gilberto, Sarah Vaughan, Ella Fitzgerald e Nara Leão são alguns dos nomes que estão na lista dos intérpretes. O notável encontro de Tom com o cantor Frank Sinatra não poderia faltar, é claro. Até uma imagem rara de Judy Garland, cantando “Insensatez”, chama muito a atenção.
O riquíssimo material da obra musical do nosso saudoso maestro serviu de base para o projeto, que contou com vários anos de gravações, imagens e sons colhidos no Brasil, Japão, Estados Unidos, França, Itália e Dinamarca. Existe respeito à ordem cronológica das músicas, embora muitas outras importantes tenham ficado de fora. Seria impossível reunir todas suas composições em apenas um documentário. Prova de que a música de Tom Jobim tem toda essa dimensão, tanto aqui no Brasil como em todo o mundo. O detalhe mais curioso deste trabalho é que o dinheiro do patrocínio acabou na metade do caminho. E Nélson Pereira dos Santos tirou do próprio bolso a outra metade necessária para finalizar o documentário. Um belo gesto que deve ser ressaltado.
A notícia boa é que outro documentário sobre Tom Jobim, realizado quase pela mesma equipe, também já foi lançado. Chama-se “A Luz de Tom”, lançado também primeiro no cinema e depois no formato DVD e falarei dele nas próximas colunas. O único fato que lamento é que ambos os documentários, infelizmente, não foram exibidos nas telas dos cinemas de Santos. Uma pena. Ambos são essenciais e mereciam ter um lançamento na grande tela e para depois entrar em nossas casas. A frase de Tom usada no final do documentário diz tudo: “A linguagem musical basta”. Então, para que palavras…
João Donato & Paulo Moura –
“Dois Panos Para Manga”
O raro encontro do pianista João Donato com o saudoso saxofonista e clarinetista Paulo Moura, falecido em 2010, ocorreu em 2006 para o selo Biscoito Fino. Um duo de piano e clarineta de altíssimo nível e de muita simplicidade. Eles eram velhos amigos e curtiam, sempre a distância, os trabalhos um do outro. Para nossa sorte, eles resolveram quebrar essa distância e conciliaram as agendas para gravar um disco em dupla. A ideia nasceu graças ao diretor de TV Carlos Manga, que os reuniu em sua casa para comemorar o seu aniversário. Uma noite regada a muito uísque, bate-papo descontraído sobre muitas histórias e boas lembranças e é claro, muita música. O repertório do disco foi escolhido naquela noite e contou com eternas canções e duas inéditas da dupla. E ele foi gravado em menos de uma semana, mostrando a intensa cumplicidade dos dois. O resultado final é o lindíssimo CD “Dois Panos Para Manga”, que tem no nome um duplo sentido e chamou a atenção pelas sutilezas, timbres únicos e improvisos marcantes. A sonoridade impressiona, mesmo com apenas dois instrumentos. E para que mais ???Os temas que destaco: “A Saudade Mata a Gente”, “Copacabana”, “Swanee” e “Tenderly” lembraram a época do Sinatra-Farney Fan Club, dos anos 50, que foi presidido por Manga e também as composições inéditas da dupla “Pixinguinha do Arpoador” e “Sopapo”. Pena que foram gravadas apenas nove faixas. Eles poderiam ter aumentado o pano para muito mais mangas. CD indispensável.
Emílio Santiago –
“Bossa Nova“
Considero o cantor Emílio Santiago como um dos meus favoritos. Sou fascinado pelo seu timbre de voz e pela sua interpretação, sempre muito marcantes. Em sua carreira lançou diversos discos, mas “Bossa Nova” do ano de 2000, para o selo Sony Music, é um marco para mim. Um trabalho elegante, completo e cheio de convidados de peso. Destaque para Cristovão Bastos, Leandro Braga, Jota Moraes, João Donato e Marcos Valle no arranjos e pianos, João Lyra no violão e o surpreendente Vittor Santos no trombone, além de uma afinada orquestra de cordas, que deram um colorido musical todo especial ao trabalho. Emílio Santiago gravou quase tudo da nossa MPB e até vários boleros inesquecíveis, mostrando todo seu talento e versatilidade. Mas foi a primeira vez que ele lançou um disco com repertório específico de Bossa Nova. Não tinha como dar errado. Bossas tradicionais, algumas menos conhecidas e algumas novas compuseram as canções escolhidas.
Os temas “Corcovado”, “Garota de Ipanema”, “Insensatez” e “Rio” não poderiam faltar. Juntaram-se a elas, “Doce Viver”, a minha preferida e “Bateu para Trás”. O formato deu tão certo que ganhou uma versão em DVD, em um show repleto de glamour gravado ao vivo no mítico Copacabana Palace, ao lado de diversos convidados, a maioria deles, que participaram das gravações em estúdio. Um grande marco em sua vitoriosa carreira. Emílio Santiago deixou muitas saudades e uma lacuna difícil de ser preenchida.
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