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O punir e o educar

02/10/2014
O punir e o educar | Jornal da Orla
Quando o telefone tocou Santiago não poderia imaginar a notícia que lhe seria dada.
 
-Senhor Santiago? – perguntou uma voz severa.
 
-Sim. – respondeu, apreensivo.
 
-Sou o delegado Lima. Seu filho Fábio foi preso em flagrante, minutos atrás, quando furtava um CD de uma loja em um Shopping.
 
Embora o delegado continuasse falando, nada mais foi registrado por Santiago. O choque da notícia atingiu-o como um violento soco. Ficou calado, segurando o telefone mesmo depois do término da ligação. Não podia crer naquilo. 
 
“Por quê?” – perguntava a si mesmo.
 
Enquanto dirigia-se para a delegacia onde estava detido o filho, pensava nos sacrifícios que fizera ao longo dos anos para oferecer à família conforto e bem-estar. Longas e extenuantes jornadas de trabalho. Anos e anos sem férias. Economias e empréstimos bancários para garantir aos filhos tudo que lhes era essencial e necessário para crescerem fortes e felizes.
 
Não podia lhes dar tudo o que queriam, mas fazia o possível para oferecer-lhes tudo o que precisavam. Priorizava a saúde e a educação dos pequenos. Tratava-os com amor e com atenção, mesmo quando chegava tarde do trabalho e os encontrava às turras e fazendo manhas. Sabia que não era um pai perfeito. Reconhecia em si mesmo defeitos e vícios, mas não conseguia encontrar justificativa para a atitude do filho.
 
“Por que Fábio teria feito aquilo?”
 
Sentia-se mortificado de vergonha. Seu filho, um ladrão! Onde teriam ido parar os ensinamentos e os valores que acreditara ter incutido na cabeça daquele menino?
A dor inicial foi cedendo lugar à ira, e quando Santiago chegou à delegacia e foi levado à presença do filho não se conteve. Sem dizer nenhuma palavra, esbofeteou a face do rapaz na frente dos policiais. Fábio não reagiu, nem disse nada. Lágrimas escorreram pelo seu rosto.
 
Depois dos procedimentos burocráticos inevitáveis, o rapaz foi liberado e eles partiram silenciosos para casa. Durante o trajeto nada foi dito. Na realidade, Santiago estava arrependido pela sua reação brutal, mas não conseguia encontrar uma forma de contornar a situação.
 
Fábio, por sua vez, estava envergonhado e sentia-se a última das criaturas. Acreditava não ser merecedor nem mesmo do perdão do pai pelo seu gesto impensado. 
 
Quando chegou em casa, Fábio trancou-se no quarto. Santiago largou seu corpo no sofá, pesadamente. Levou alguns instantes para dar-se conta da urgente necessidade de conversar com o filho. Tomado por um impulso, correu até o quarto de Fábio e, como ele não respondia aos seus chamados, arrombou a porta. Graças à providência Divina, chegou a tempo de evitar uma tragédia ainda maior.
 
A severa punição que infligira publicamente ao filho, e que agora atormentava a sua própria consciência, estimulara o desequilibrado rapaz a buscar a fuga da vida pelas vias equivocadas do suicídio.
 
[com base no livro: “Pais Brilhantes – Professores Fascinantes”, de Augusto Cury]
 
Jamais puna quando estiver irado. Nos momentos de raiva somos capazes de ferir até mesmo as pessoas que mais amamos.  A melhor forma de educar é fazer com que crianças e jovens repensem suas atitudes e aprendam com os próprios erros.

PAZ, SAÚDE E PROSPERIDADE