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Árvore dos problemas

12/09/2014
Árvore dos problemas | Jornal da Orla
Contratei, portanto, os serviços de um marceneiro. Era um homem experiente e esforçado. Em apenas três dias conseguiu montar sozinho os móveis do quarto, sala e cozinha. E gostava muito de conversar também. Entre uma martelada e outra, um parafuso ajustado, puxava os mais diversos assuntos.

De vez em quando falava de política. Em outros momentos, discorria sobre as vantagens de seu time favorito de futebol. Ainda, falava sobre o tempo, atualidades e a última notícia sensacionalista dos jornais. Mas, sem dúvida, seu assunto predileto era sua família. Gostava de contar sobre a dedicação de sua esposa e da inteligência e educação dos seus filhos. Seus olhos brilhavam de orgulho e felicidade. 

Entretanto, naquele terceiro dia, ao chegar à minha casa para concluir a montagem dos móveis, percebi que havia algo diferente no seu semblante. Trabalhou o dia todo praticamente em silêncio e, porque me preocupei com tal mudança de comportamento, questionei-o sobre o que estava acontecendo. Aquele não havia sido um dia fácil para ele: de manhã, seu veículo de trabalho havia apresentado problemas e, por isso, ficaria vários dias na oficina mecânica.

Quando estava no ponto de ônibus, aguardando o transporte que o traria à minha casa, um assaltante lhe furtou a caixa de ferramentas. E, como se não bastasse, sua carteira estava na caixa. Dessa forma, todos os seus documentos haviam sido extraviados também. Por isso, ele estava extremamente irritado, o que justificava o seu silêncio.

Quando ele terminou seu trabalho, em solidariedade aos acontecimentos tristes daquele dia, lhe ofereci uma carona para levá-lo à sua casa, pois sabia que ele estava muito cansado. Agradecido, ele aceitou. Ao chegarmos, ele me convidou para entrar, a fim de que eu conhecesse sua família.

Em frente à residência, havia uma majestosa árvore. Antes de abrir a porta de sua casa, o trabalhador se recostou nela por breves momentos e, depois disso, seu semblante mudou, o que me causou grande espanto. Entrou em casa sorrindo, beijando a esposa e os filhos, e, para variar, falando muito. Ela me convidou para o jantar e a noite foi muito agradável. Ao me despedir, envolto pela curiosidade, o questionei sobre a árvore e aquela mudança radical de atitude. Sorrindo, ele me respondeu: 
-Aquela é minha árvore dos problemas. Quando chego à minha casa, eu deixo todos os meus problemas nela, de forma que não os desconte em minha família, pois de nada eles têm culpa.
-Amanhã, quando eu for trabalhar, os pego novamente e, com a ajuda do Grande Arquiteto do Universo, saio para resolvê-los.
 
[com base em texto da Redação do Momento Espírita]
 
Embora as situações difíceis que se apresentam no dia a dia, cultivemos sempre o bom ânimo com aqueles que estão ao nosso redor. Não deixemos que nossos problemas se transformem em palavras rudes, impaciência, falta de carinho, amor, compreensão, ternura. Pois o dinheiro, o estresse, as metas a se alcançar vão-se embora… Mas a família, os amigos, momentos de cumplicidade ao lado daqueles que nos amam e a quem amamos, esses sim são eternos… A paz interior não tem preço.