Notícias

Jovem antenado joga lixo no lugar certo

05/09/2014
Jovem antenado joga lixo no lugar certo | Jornal da Orla
por Bárbara Camargo
 
A terça-feira (2) foi dia de o Projeto Cidadão visitar os adolescentes da escola José Carlos de Azevedo Júnior, no Jardim São Manoel, na Zona Noroeste de Santos, para saber se os trabalhos já estavam adiantados por lá. Nesta etapa, o Jornal da Orla colabora com o Programa Cidade sem Lixo, da Prefeitura de Santos, propondo, aos alunos da rede municipal de ensino, o tema: “Cidade Limpa é Cidade Saudável”.  Esta unidade é frequentada por alunos do 7º ao 9º ano e, já que com jovem não há tempo ruim, os meninos e meninas se anteciparam e decoraram a sala de aula com cartazes que alertavam sobre a importância de dar a destinação correta a cada tipo de resíduo. 
 
A preservação do meio ambiente é assunto que eles já sabem de cor, porque o bairro foi construído próximo a manguezais que têm necessidade urgente de serem preservados. Para conversar sobre os problemas causados pelo lixo descartado de forma incorreta, a equipe da Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura de Santos preparou uma palestra que mostrou aos jovens, não só os serviços municipais disponibilizados, como a Coleta Seletiva e o Cata-Treco, como apontou as principais doenças que podem surgir com o acúmulo de lixo orgânico e fezes de animais depositadas em qualquer lugar.
 
Luciano Cascione, secretário do Meio Ambiente, marcou presença no encontro e fez perguntas aos alunos sobre o descarte de lixo e as novas regras municipais. Para ele, a iniciativa do Jornal da Orla em trabalhar este tema com crianças e adolescentes, é a ferramenta principal para a conscientização dos adultos. “Quando a gente fala em meio ambiente, todo trabalho de conscientização é mais do que essencial. Educar o adulto é muito mais difícil do que a criança e o jovem, que são muito mais suscetíveis a aprender e levar para casa. Essa iniciativa do Jornal da Orla é mais do que fundamental para que a gente possa não só preservar a nossa cidade, como também o planeta”.
 
A analista ambiental Claudia Britto foi a responsável por conversar com os adolescentes e apontar sugestões de como reciclar o lixo limpo, por exemplo, usando a criatividade para construir brinquedos, jogos e enfeites, com garrafas e tampas de plástico, caixas de papelão, embalagens de iogurtes, entre outros. Os alunos ficaram encantados com as inúmeras possibilidades de reciclar esses tipos de materiais. “Eu comentei com elas que a água está faltando, os mares estão poluídos e que há muitos resíduos nos mangues que eles convivem diariamente. A palestra procurou mostrar que é importante zelar pelo meio ambiente para o futuro de todos nós”, explicou a analista.


 

Trabalho de formiguinha
Para a professora Ilza Pinheiro, desenvolver esse tema em um local onde um dos principais problemas é o lixo jogado no manguezal, é um trabalho de conscientização que demanda persistência. “Nós desenvolvemos o trabalho com base na própria vivência deles. A gente levantou algumas questões: Como você vê o seu bairro? Há muito lixo no caminho que você faz de casa até a escola?”.

Segundo a educadora, a partir dessas indagações, os jovens produziram cartazes que apresentaram a situação do local onde vivem. “Eles trouxeram a realidade e nós mostramos as consequências dos problemas ambientais e as soluções, como a reciclagem dos materiais, o descarte correto do lixo, principalmente, o recolhimento das fezes de animais de estimação”.
 

Manter a cidade limpa também é dever dos adolescentes
O aluno Lucas de Mattos, de 14 anos, aprovou o tema desta etapa do Projeto Cidadão. “A professora nos ensinou muitas coisas legais. A cidade tem que estar sempre limpinha. Se você sujou, tem que limpar”, alerta o jovem.
 
Sabrina Santos, de 13 anos, explicou que sua família mudou de postura a partir do que ela aprendeu na escola. “Agora não pode jogar nada no chão, porque tem câmeras e multas. Antes, eu jogava lixo em qualquer lugar, mas agora a minha mãe separa o lixo em casa”, explica a adolescente.

Quem cuida, recolhe

Recolher os dejetos que animais de estimação deixam nas calçadas, além de ser um ato de cidadania, contribui – e muito – para evitar a propagação de várias doenças. Conforme explicou Claudia aos adolescentes, ao passear com o seu cãozinho, o dono tem o dever de recolher as fezes do animal.  Com o Cidade sem Lixo, a Prefeitura aproveita para conscientizar os munícipes com a campanha “Quem cuida, recolhe”.  Estima-se que a Cidade tenha cerca de 120 mil animais de estimação, com produção de cerca de 10 toneladas de fezes diárias.
 
O engenheiro químico Márcio Paulo, da Secretaria do Meio Ambiente, propõe destinação diferente de jogar a sacolinha nas lixeiras mais próximas. O correto, segundo ele, é que os dejetos dos cães sejam recolhidos e despejados no vaso sanitário, para que passem pelo processo de tratamento realizado pela Sabesp. 
 
Cachorro na areia da praia, nem pensar
Não recolher e dar destino correto às fezes dos cães compromete a balneabilidade das praias e a saúde, tanto da população como dos próprios animais de estimação. Pode parecer bonito ver um cachorrinho se divertindo na areia, mas os especialistas alertam que a quantidade de coliformes presentes nas fezes dos cães é sete vezes maior do que nas fezes do ser humano.
 
Uma das doenças transmitidas através do contato com os dejetos de animais de estimação nas praias e, frequentemente, adquirida pelos banhistas, é a larva migrans cutânea, mais conhecida como bicho geográfico. É uma doença de pele transmitida por um verme intestinal comum em cães e gatos. Ao defecar na areia, um animal infectado libera ovos desse verme, que se transforma em larva, podendo penetrar na pele das pessoas, causando feridas e coceira.  As partes do corpo mais afetadas são pés, pernas e mãos. 
 
Quem sofre mais com o problema são as crianças, que passam muito tempo brincando na areia e, se a colocarem na boca, podem até ingerir ovos de outra larva, a migrans visceral, que pode causar problemas respiratórios, como falta de ar, e aumento do tamanho do fígado. Outra forma da doença mais rara, porém mais grave, é a ocular que pode causar cegueira nos tecidos ou no globo ocular, causando a síndrome da larva migrans ocular.
 
A Prefeitura pretende instalar coletores específicos para fezes de animais na orla e em outros pontos da Cidade, a fim de conscientizar, auxiliar e evitar que os munícipes voltem para casa após o passeio com o seu bichinho, com uma multa de R$ 50, prevista pela nova legislação.