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O egocentrismo

21/08/2014
O egocentrismo | Jornal da Orla
Contudo, muitas vezes, tais condições são provocadas por nós mesmos. De um modo geral, costumamos aumentar nossa dor e sofrimento, sendo exageradamente sensíveis. Assim, reagimos muito mal a fatos insignificantes e, por vezes, levamos as coisas para o lado pessoal. À conta disso, muitas irritações no dia-a-dia podem se acumular de modo a representar uma importante fonte de sofrimento.
 
Conta-se que dois amigos foram a um restaurante para jantar. Eles não tinham nada importante para fazer em seguida. A noite poderia ser encerrada a hora que desejassem. Fizeram seus pedidos e aguardaram que os pratos chegassem. O serviço do restaurante acabou por se revelar extremamente lento, e um dos senhores começou a reclamar: 
 
-O garçom parece uma lesma!  Acho que está fazendo isso de propósito.
E assim foi durante todo o jantar. Uma ladainha de reclamações. Reclamou da comida, da louça, dos talheres e de todos os detalhes que descobriu não lhe agradarem. Ao final da refeição, o garçom chegou e lhes ofereceu sobremesas de cortesia.
 
-É como uma compensação pela demora do serviço. Estamos com falta de pessoal hoje. Houve um falecimento na família de um dos cozinheiros, e ele não veio trabalhar. Além disso, um dos auxiliares avisou que estava doente, na última hora.
Enquanto o garçom se afastava, o homem descontente resmungou entre os dentes, deixando escapar a sua irritação: 
 
-Nunca mais volto aqui.
 
Este é um pequeno exemplo de como contribuímos para nosso próprio sofrimento. Levando a questão para o lado pessoal, como se tudo fosse feito de propósito contra nós; imaginando que as pessoas e o mundo giram em torno de nós, nos tornamos infelizes. No caso apresentado, o resultado foi uma refeição desagradável para ambos. E com grandes possibilidades de, por causa da irritação, terem problemas de saúde, na sequência. A comida ingerida lhes fazer mal.
 
Além, é claro, do aborrecimento, do desconforto, ante tanta reclamação. E tudo podia ter sido resolvido de forma tão fácil, com um pouco de paciência e tolerância. Convenhamos, ainda, que se a pessoa olhasse ao redor e tivesse um mínimo de sensibilidade, teria podido constatar que havia falta de pessoal, que os que estavam trabalhando se esforçavam ao máximo. Isso, se não olhasse somente para si mesmo.
 
[com base em texto de Dalai Lama e Howard Cutler]
 
Jacques Lusseyran, cego desde os oito anos de idade, foi fundador de um grupo de resistência na Segunda Guerra Mundial. Acabou sendo capturado pelos alemães e encarcerado em um campo de concentração. Mais tarde, quando relatou as suas experiências, afirmou: 
 
-Percebi que a infelicidade chega a cada um de nós porque acreditamos ser o centro do universo. Porque temos a triste convicção de que só nós sofremos de forma insuportável. A infelicidade é sempre se sentir cativo na própria pele, no próprio cérebro.
 
PAZ, SAÚDE E PROSPERIDADE.