“Benê Cult” é o novo espaço cultural da Sociedade Portuguesa de Beneficência, que será inaugurado no dia 21, às 19h, no Hospital Santo Antonio (Beneficência Portuguesa). Ninguém melhor do que BERÊ ABUD, a talentosa fotógrafa santista, para comandar esta iniciativa, com alguns de seus alunos. Na abertura, acontece a exposição “Benê 155”, alusivos aos 155 anos da entidade. A exposição ficará aberta à visitação até 21 de setembro e pode ser conferida de segunda a sexta-feira, em horário comercial. Nesta entrevista, fala à página sobre a sua vida e seus projetos.
Como a fotografia entrou em sua vida?
Minha vida está ligada à fotografia desde a infância. Enquanto solteira, trabalhei na loja de artigos fotográficos de meu pai, em Santos, a “Kauffmann Foto Material”. Foi com ele que aprendi as primeiras técnicas de fotografia, pois, além de comerciante meu pai era fotógrafo respeitado na cidade.
O que a inspira na hora de tirar fotografias?
Adoro fotografar. Fotografia é a mágica que documenta o tempo de cada um de nós! Claro, existem temas que me inspiram mais. Por exemplo, retrato, linhas e cores me encantam muito a fotografar. Sinto que herdei do meu pai esse prazeroso encanto de captar imagens através de lentes dos mais diversos equipamentos fotográficos.
O que há de você nas imagens que você retrata?
Há o meu amor pela fotografia. Procuro deixar minhas fotos com uma visão poética.
Para ser fotógrafo, é preciso talento ou olhar diferenciado – ou apenas técnica?
É preciso amar o que faz… Conhecer o equipamento fotográfico, seja uma câmera compacta ou profissional. Ter o domínio da técnica fotográfica, que se aprende em cursos de fotografia, livros e revistas. Desenvolver o olhar fotográfico, que vem da alma do fotógrafo, e ter a sensibilidade em “ver” fotografia. E, claro, praticar esta linda arte!
O que pensa sobre mais este espaço de arte ser inaugurado em Santos?
Quanto mais espaço de arte, melhor para os artistas de Santos divulgarem sua arte. Isso é muito bom!
O que o público pode esperar da exposição “Benê 155”?
Para esta mostra, profissionais de diferentes áreas, mas com a mesma paixão pela bela arte – Ana Paula Rodrigues, Danyel Menezes, Joanna Rocha, Laura Pedrido e Mario Cardoso – reuniram-se em uma ensolarada manhã e deixaram o olhar correr solto pelos diferentes cantos da ala administrativa do hospital. O resultado são imagens de beleza singular que, não raro, passam despercebidas pelo dia a dia.
Você é de uma família tradicional no ramo de fotografias. O que pensa sobre a popularização das câmeras digitais?
Fui da época da câmera analógica. Ganhei muito prêmios em concursos fotográficos. Mas a digital veio para ficar. O que sinto com meus alunos é que, pela digital, eles são batedores de fotos e não fotógrafos. Batem muitas fotos sem necessidade, sem estudar antes a luz, o ângulo e a composição. Vão batendo fotos até acertar. O que eu não acho correto. No tempo na analógica, como tinha que comprar o filme e mandar revelar, mais despesas, a gente não só batia como também conferia se a imagem saiu perfeita.
Com as máquinas digitais, muita gente passou a se sentir fotógrafo profissional. O que pensa a respeito disso?
Isso é muito errado. Hoje, qualquer um é fotógrafo. Para ser um bom fotógrafo, além do aprendizado, tem que procurar em livros e revistas as técnicas e praticar muito. Só assim, será um profissional.
A fotografia é tão valorizada quanto as outras artes?
Infelizmente, a fotografia ainda não está tão valorizada quanto deveria estar. Mas vejo um futuro para ela, pois em casas de decoração tenho notado que a fotografia já entrou na decoração da sala de uma residência, quando antigamente só se via nas salas de espera de consultórios e outros ambientes. Devagar, a fotografia vai chegar junto das outras artes. Essa é a minha esperança.