Música

Um santuário de Woodstock

08/08/2014
Um santuário de Woodstock | Jornal da Orla

Entrar no escritório do arquiteto Aldo Fazioli é como estar em outro mundo. O local é um santuário do rock mundial, iluminado por luzes negras e decorado com quadros e gravuras que retratam gênios como Elvis Presley, Jimi Hendrix e John Lennon.  A coleção de mais de 10 mil vinis, CDs, filmes e livros é de deixar os fãs da boa música eufóricos. Parte deste material é de um dos assuntos preferidos do arquiteto: o Festival de Woodstock.

Aficionado pelo tema, Aldo tem um acervo completo sobre o festival e modificou o comportamento de uma geração.  “Eu tinha 19 anos na época e, como as músicas estrangeiras demoravam para chegar aqui no Brasil, tive conhecimento de Woodstock um ano após do festival, por meio do filme Woodstock – 3 Dias de Paz, Amor e Música”, relembra.
Muito além do som de The Who, Janis Joplin, Santana e Joe Cocker, Aldo se sentiu atraído pela mensagem de paz, que se tornou a essência do festival, diante dos acontecimentos turbulentos ao redor do mundo.
“Os Estados Unidos passavam por períodos conturbados com Nixon na presidência, a Guerra do Vietnã, as lutas por igualdade racial e o contraponto da tecnologia, com a chegada do homem à lua. Nesse período, os valores relacionados à família, drogas, sexualidade e o direito das mulheres estavam sendo questionados publicamente”, explica.
Aldo reúne materiais para publicar um livro sobre o assunto. Para ele, nenhum outro festival de música se compara à grandiosidade de Woodstock. “Foram três dias de protesto pacífico ante o clima de insatisfação da juventude. As pessoas acamparam por lá, apesar da chuva, lama e falta de comida. O uso de drogas e o sexo eram livres. Tudo em um clima hippie”.
400 mil pessoas em uma fazenda
Maior festival de todos os tempos, Woodstock aconteceu de 15 a 18 de agosto de 1969 e foi não apenas um acontecimento artístico, como também social, disseminando os ideais da contracultura norte-americana, baseados no amor e paz.
Os jovens clamavam por mudanças e pela quebra dos padrões convencionais de comportamento. “É neste cenário que quatro jovens, Michael Lang, John Roberts, Joel Rosenman e Artie Kornfeld, decidem montar um estúdio-retiro em Woodstock, em Nova York. Depois de muita discussão, a ideia evoluiu para um show de música e arte”, explica Fazioli.
Uma fazenda na cidade nova-iorquina Bethel foi o local escolhido para a realização do show que tinha a expectativa de receber 50 mil pessoas. Mas o resultado foi surpreendente: 400 mil espectadores apareceram, lotando as estradas do estado.
Os três dias de shows reuniram alguns dos maiores nomes da música na época, como Jimi Hendrix, Joan Baez, Crosby, Still, Nash & Young, The Who, Sly and the Family Stone, Creedence Clearwater Revival, Janis Joplin, Santana e Joe Cocker, além de ser uma forma de protestar pela paz e entendimento dos povos.
“Houve outros festivais, até mais organizados. Mas a situação política dos Estados Unidos, a insatisfação com as guerras e o clamor por paz tornaram Woodstock  um marco não só na história do rock, mas na história do mundo”.

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