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De mãos dadas

08/08/2014
De mãos dadas | Jornal da Orla
O ex-presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, acusado de praticar crimes fiscais no período de 2007 a 2010, é réu em uma ação da Justiça Federal. Sua gestão à frente do clube que tem uma das maiores torcidas do país acumula dívidas fiscais que, incluindo multa e juros, supera R$ 94 milhões. Boa parte do valor se refere a impostos descontados de funcionários que não foram repassados à Receita. O fato é que a acusação contra Sanchez não deve ser a única no meio do esporte mais popular do país, haja vista que o futebol brasileiro tem sido alvo de frequentes denúncias envolvendo cartolas.
 
O lamentável é que as denúncias não dão em nada e a conta acaba sendo passada para o cidadão comum. Primeiro inventaram a Timemania, cujos recursos seriam destinados a cobrir os rombos financeiros registrados pelos principais clubes brasileiros. Foi insuficiente, como se vê agora, e as bandalheiras e a irresponsabilidade dos dirigentes continuam. Salários astronômicos, totalmente fora da realidade nacional, e transações suspeitas, sempre com envolvimento de cartolas e agentes de atletas, chegaram a um buraco estimado em R$ 4 bilhões.
 
O vexatório 7 a 1 aplicado pela seleção alemã e a vergonhosa campanha da seleção brasileira não serviram para coisa alguma. Pelo contrário. Os dirigentes continuam os mesmos e agora querem repassar a conta de sua irresponsabilidade para o povo brasileiro, impondo uma Lei de Responsabilidade do Esporte (LRE), que vai tapar o rombo para deixar tudo como está. A própria Rede Globo vem apoiando a iniciativa uma vez que fatura alto com a exploração do futebol. Dane-se, no caso, o contribuinte.
 
Na Câmara Federal, o deputado Romário, que já foi um craque dentro de campo, tem sido uma das poucas vozes a lutar pela moralização do futebol brasileiro e a denunciar que o projeto serve apenas aos interesses de uns poucos e se constitui em mais um crime contra o cidadão comum.
 
A votação da LRE na Câmara Federal ficou para depois das eleições, porque político em campanha é duplamente esperto, mas é fato que se a sociedade não se mobilizar, o novo golpe em andamento contra o contribuinte será viabilizado a pretexto de se “salvar o futebol brasileiro”. A proposta, conhecida, é fingir que vai mudar, para continuar tudo como está, com bandalheiras, falcatruas e salários milionários para uns poucos. Políticos e cartolas podem se dar as mãos!