Santos

Santos, a segunda casa dos ´ticos´

27/06/2014
Santos, a segunda casa dos ´ticos´ | Jornal da Orla
A novela “Avenida Brasil” é a sensação do momento em Costa Rica, mas este mês até as trapaças de Carminha foram ofuscadas pelo brilho da seleção costarriquenha na Copa do Mundo. Neste domingo (29), a equipe disputa as oitavas de final contra a Grécia, mas seja qual for o resultado a campanha memorável na primeira parte do campeonato já entrou para a história do futebol e do país centro-americano de cerca de 4 milhões de habitantes. E Santos tem sua cota de responsabilidade nisso.
 
A escolha acertada da cidade como subsede de Costa Rica é unanimidade entre cartolas, jogadores, torcedores e jornalistas que acompanham a delegação. Uma identificação traduzida por Rivera Chaves, da TV Teletica: “Estive em Belo Horizonte, mas não gostei, queria voltar logo, aqui me sinto em casa, tem o calor do povo que abraçou Costa Rica, que está torcendo por nossa seleção. Depois, muito adiante da Copa, o que ficará é a lembrança de Santos, a recepção que tivemos, a torcida do povo, e isso é o mais importante. Está sendo um sonho”. 
 
A equipe da Teletica está em um apartamento alugado pela rede na praia do Gonzaga. A mesma acolhida tem recebido a outra hóspede da cidade, a delegação do México, igualmente vitoriosa na primeira fase da Copa e que decidiu por permanecer em Santos nesta nova etapa. Desde a chegada das duas equipes, os jogadores têm tido recepção calorosa da população, mas foi Costa Rica, provavelmente pela falta de tradição no campeonato, quem mais surpreendeu. Tanto que gerou até desconfiança da Fifa. A vitória na estreia, por 3 a 1 diante do Uruguai, fez com que sete jogadores fossem selecionados para exame antidoping após a partida. 
 
Cartola agradece apoio do povo
Para o diretor de seleções de Costa Rica, Adrian Gutierrez, Santos foi fundamental para a campanha dos costarriquenhos. “Santos nos abriu as portas e o apoio do povo tem sido vital para o sucesso da nossa seleção. É o calor dos brasileiros resumido em uma grande cidade, que tem pilares: alegria, paixão por futebol e a capacidade de receber o turista”.
 
Segundo Gutierrez, o carinho demonstrado pela cidade é vital para equilibrar a parte emocional, um dos três pilares que garantem o êxito do futebol. Os outros dois são o preparo físico e o esquema tático. O cartola costarriquenho definiu Santos como “um livro futebolístico. Este estádio viu nascer o melhor jogador de todos os tempos e aqui cresceram alguns dos melhores jogadores do mundo”. Costa Rica vem treinando na Vila Belmiro.
E se o mundo se assombrou com a campanha vitoriosa, Gutierrez diz que para eles não foi surpresa passar para a segunda fase, mas sim como passaram. “Terminamos invictos em primeiro lugar no grupo, com só um gol recebido, enfrentando potências mundiais que começaram tristemente a voltar para seus países”.
 
Apesar de sua admiração pelos santistas, o cartola admite que ainda não teve tempo de conhecer a cidade. “Por enquanto o meu tempo está sendo gasto dentro de avião, aeroporto, translado, ônibus, hotéis. Um dia espero voltar como turista para conhecer todas as belezas deste povo, porque o coração já o temos. Da minha parte e da parte da federação e do povo costarriquenho o nosso profundo agradecimento a Santos”. 
 
Uma feliz surpresa
Josué Quesada, da Rádio Columbia, de Porto Rico, está hospedado no Gonzaga e na última quarta-feira queria uma indicação para saborear uma feijoada. Caipirinha ele conheceu em Recife, quando a seleção jogou por lá, mas não tem vontade de repetir a experiência, que lhe rendeu uma baita dor-de-cabeça. Também, tomou logo cinco delas. “Parecia um suco”, tentou argumentar. O radialista ainda quer experimentar baião-de-dois (prato típico do Nordeste) por aqui.
 
Disse ter gostado principalmente do povo de Santos, da tranquilidade (veio preparado para presenciar greves, “não vi nenhuma”), mas reclamou das viagens que fez até agora terem sido muito cansativas, devido às grandes distâncias.  “O país é muito grande, viajar para Recife é o mesmo tempo que ir de Costa Rica para Houston ou Nova York”. Segundo ele, Costa Rica não tem voos domésticos, é possível ir de uma ponta a outra em 7 horas de carro. 
 
Já Juan Ulloa Albertazzi, da Repretel, a outra rede de TV costarriquenha com direito de transmissão da Copa, se surpreendeu ao saber que estamos no inverno. “Nossa, como faz calor aqui, no verão como fica?”. Para ele, o clima quente foi bom conselheiro para os latinos. “Acho que o calor prejudicou um pouco os europeus”. Ulloa admite que veio a Santos na expectativa de retornar logo ao seu país.  “Estamos vivendo uma grande expectativa, sabemos que Costa Rica está em festa. Santos é uma cidade muito bonita e a hospitalidade do povo só ajuda e motiva ainda mais a nossa seleção”.
 
Eduardo Solano, da Rádio ADN Costa Rica, e Rodrigo Murillo, do Diário Extra (imprensa escrita), também ficaram surpresos e estão vivendo as alegrias e as emoções de cada partida “O povo de Santos é muito parecido com o de Costa Rica nas comemorações, mas ninguém esperava algo parecido ao que está acontecendo. Creio que o trabalho, a identificação com a cidade, a motivação, foram fundamentais”. Os jornalistas apontaram o Porto, Centro Histórico e a Vila Belmiro como os locais que mais gostaram. 
 
Centro de Imprensa
Ao lado de Campinas, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Vitória, Santos integra o seleto grupo de cidades que hospedam duas seleções durante a Copa do Mundo. Fatores como rede hoteleira, estruturas para treinamentos e incentivos por parte do poder público são fundamentais para a escolha das sedes. Além disso, a Prefeitura de Santos criou o Comitê Pró-Santos Copa, para coordenar as ações dos diferentes órgãos envolvidos na recepção às Seleções. 
 
Uma das ações foi criar um Centro de Imprensa, instalado na Arena Santos. Mais de 300 jornalistas de diferentes nacionalidades já utilizaram a estrutura, dotada de computadores, internet de alta velocidade, salas adaptadas em estúdios de rádio e TV, além de televisores para acompanhar os jogos. O Comitê Pró-Santos Copa também foi responsável por organizar a logística para a realização de treinamentos abertos ao público, adaptação dos locais de treinamento, eventos de recepção às delegações e visita das equipes a equipamentos públicos.