Santos

Gonzaga, eterno cartão-postal da cidade

20/06/2014
Gonzaga, eterno cartão-postal da cidade | Jornal da Orla
Com uma população em torno de 25 mil pessoas, o Gonzaga é um misto de núcleo residencial e comercial, cheio de movimento e  requentado por moradores de todos os bairros da cidade.
 
Atrações não faltam: são três shoppings, galerias, restaurantes com gastronomia de diferentes países do mundo, lanchonetes, bancos, cinemas, hotéis, escolas, clubes, lojas de departamento, diversificado comércio de rua. É uma cidade dentro de outra, com ampla rede de serviços e até delegacia de polícia. 

 
É um bairro que vive se reinventando. O Gonzaga já foi conhecido como “cinelândia” devido ao grande número de cinemas de rua que concentrava e a Praça da Independência, considerada o “coração” da cidade, é o eterno ponto de encontro dos santistas para manifestações políticas, esportivas e comemorações. Depois da revitalização do trecho final da avenida Ana Costa vive-se agora a expectativa da criação de um boulevard na rua Goitacazes  e o surgimento de um novo hotel agregado ao Clube Sírio-Libanês.
 

Centro de compas e serviços
Antes havia apenas dois polos comerciais na cidade: o Centro, que atraía consumidores de baixa renda, e o Gonzaga, opção de comércio mais sofisticado. Novos centros de compras surgiram pela cidade e municípios vizinhos, mas nada que ofuscasse a vocação que nasceu com o bairro, que soube superar momentos de crise e preservar seu vigor comercial e turístico. Desde a inauguração da linha de bonde, no final do século 19, o Gonzaga caracterizou-se como ponto de convergência da população e ali a hotelaria desenvolveu-se. Com o tempo, o comércio foi se consolidando com o aumento da população que teve acesso ao consumo e a presença de turistas. 

Como tudo começou


 

É difícil acreditar que tudo começou em fins do século XIX, quando foi criada uma linha de bondes puxados a muares. O ponto final era no Bar do Gonzaga, situado na avenida da praia com a rua Marcílio Dias, que virou referência para os passageiros que usavam o transporte. 
 
Para se ter uma ideia, onde hoje fica a Praça Independência havia uma lagoa e a atual rua Marcílio Dias era cortada por um rio. Era um tempo em que o bairro era praticamente inabitado, embora o trecho final da avenida Ana Costa já se traduzisse como um dos pontos mais valorizados da orla da praia, centro de turismo e local de passeio dos santistas.
 
Na orla da praia, o movimento sempre foi maior. Cabinas de banho chegaram a funcionar na faixa de areia, mas logo foram substituídas por casas bem equipadas, como a Balneária, Netuno, Jabaquara e Sereia. Os hotéis, imaginem o requinte, mantinham orquestras para tocar durante o almoço e jantar. Era assim no Hotel Parque Balneário, no Hotel Atlântico, Avenida Palace, Bandeirantes e Belvedere. E no Atlântico, assim como no Parque Balneário, o jogo corria solto.
 
O bairro das galerias  

Ao redor da Praça da Independência está uma característica bastante marcante no comércio do bairro: as galerias. São cinco em torno da praça (Queiroz Ferreira, Ipiranga, Campos Elíseos, Brasil e 5ª Avenida), além da A.D. Moreira, que liga a rua Floriano Peixoto à avenida Presidente Wilson, na praia. Estes conjuntos de lojas, que durante décadas resistiram ao tempo e às crises econômicas, servem como atalhos para pedestres e oferecem produtos e serviços diferentes dos apresentados pelos shoppings.

 
Foi a partir da década de 60, seguindo uma tendência europeia, que diversas cidades brasileiras adotaram as galerias no andar térreo de prédios residenciais como um novo tipo de conjunto comercial. E em Santos não foi diferente. A mais antiga e ampla galeria do bairro é a Ipiranga, inaugurada em 1964. 

Um bairro com tradição e potencial


 

A Câmara dos Diretores Lojistas Santos – Praia, que possui mais de 800 estabelecimentos comerciais filiados somente na região, parabenizou o Gonzaga por mais um aniversário, ressaltando a importância do bairro para o turismo e, principalmente, do comércio local para a economia do município.

“A comemoração é mais do que justa”, disse Nicolau Miguel Obeidi, nascido e criado no Gonzaga. “A tradição e o potencial deste bairro devem ser permanentemente reconhecidos pela população e Poder Público como uma das grandes joias de nossa cidade”, enfatizou.
 
Nicolau Obeidi enumerou, entre as grandes atrações concentradas  nos quarteirões do bairro, o comércio de rua, os três shoppings, as galerias, restaurantes, lanchonetes, cinemas e a rede hoteleira, que está recebendo duas delegações estrangeiras e turistas para a Copa do Mundo. 
 
Obeidi também reconheceu que o bairro precisa de melhorias: “A CDL Santos Praia sempre procura apontar e sugerir ações que possam contribuir positivamente para a manutenção da qualidade dos serviços oferecidos aos turistas e munícipes, como disciplinar o comércio de ambulantes e camelôs, por exemplo. Dentre os nossos pleitos junto à Prefeitura, já está garantida, em termos de revitalização, a reforma do Boulevard Othon Feliciano”, anunciou.
 
O presidente da CDL Santos Praia, apesar de lamentar o fato de a Prefeitura ter abandonado os eventos comemorativos de outros anos, manda uma saudação especial: “O Gonzaga simboliza praticamente a história de minha vida. Parabéns e muitos anos de vida, contando sempre comigo e com a nossa entidade para o que der e vier”.