Comportamento

Vai ter Copa, sim. E daí?

23/05/2014
Vai ter Copa, sim. E daí? | Jornal da Orla
Assim como Rio de Janeiro, a cidade de Santos continua linda, ensolarada, com a orla vibrante e os passeios de bonde no Centro.  Donos e seus cachorros continuam a passear no calçadão da praia, meninos seguem fazendo manobras com seus skates na pista do quebra-mar. As reclamações sobre o trânsito e a subida do preço da carne. Absolutamente tudo continua igual na consagrada terra do Rei Pelé.  Às vésperas daquele que é um dos eventos esportivos mais celebrados, Santos passa por um fenômeno que, aparentemente, acontece em todo o País: um “anticlima” de Copa do Mundo.

Ao contrário das edições passadas, a mania de decorar as ruas com pinturas alusivas à seleção brasileira não contagiou os santistas. No comércio, poucos são os lojistas que apostam na vitrine em verde e amarelo para atrair clientes. Bandeiras e cornetas, acessórios obrigatórios para todo torcedor, encontram-se, timidamente, dentro dos estabelecimentos. 
Faltando menos de um mês para a copa, as reservas na rede hoteleira da Baixada Santista contabiliza amargos 20% de reservas para o período, sendo estas apenas nos hotéis que vão receber as delegações de México e Costa Rica. 

Tudo isso é o reflexo de uma soma de fatores, conforme a doutora em Ciências Políticas, Olívia Perez, que destaca, principalmente, a situação econômica e política do País. “As pessoas estão sentindo a inflação. Não é preciso ser expert na área de Economia para perceber que o nosso dinheiro não está dando para comprar as coisas. Existe, ainda, insatisfação na política, em especial, por causa do aumento das denúncias dos casos de corrupção”, explica.
Segundo a especialista, a falta de empolgação tem relação com as promessas de melhorias, principalmente, no que diz respeito à mobilidade urbana, feitas pelo Governo na época em que o campeonato foi trazido para o Brasil. “Só 40% de projetos e reformas, que seriam feitos nas cidades-sedes, foram cumpridos até agora. São reformas que pontuam apenas aeroportos e acessos a aos estádios”, afirma.
Olívia acredita que a internet ajudou a propagar o sentimento de decepção em relação ao Mundial. “Hoje em dia é bacana você falar que não é a favor da Copa, porque tem muita gente se manifestando, não só presencialmente, mas também na internet. E essa é uma forma de mostrar que estamos insatisfeitos”.  
De acordo com ela, apesar de a cidade de Santos não ser umas das sedes do torneio, com a vinda de duas seleções, criou-se a expectativa de que os cidadãos seriam favorecidos. Mas a proximidade com o início do evento provou o contrário.  “A gente tem a impressão de que os preços estão subindo. Basta pedir uma porção nos quiosques da orla praia. A Copa não beneficia, nem vai beneficiar diretamente a população”, conclui.