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Mercado farmacêutico

15/05/2014
Mercado farmacêutico | Jornal da Orla
O acesso aos serviços de saúde é um direito garantido pela Constituição, incluindo-se aí os medicamentos. Enquanto no sistema público os medicamentos estão garantidos, teoricamente, o acesso ao medicamento no sistema privado está condicionado à disponibilidade comercial e à capacidade de compra do usuário.
 
Preço máximo
O preço dos medicamentos é tabelado pelo teto no Brasil, ou seja, há um limite máximo para o valor praticado pelas farmácias. E como o preço final é determinado pelas leis econômicas, o comprador busca os melhores preços e as farmácias analisam a possibilidade de descontos, criando disputa pelo mercado.  Mas a indústria consegue controlar esse mercado, estabelecendo assim o melhor preço e condições de venda para si. 
 
A força da indústria
Nos últimos dias, a imprensa internacional tem estampado manchetes que nos faz crer na intensa força da indústria farmacêutica sobre o mercado e sobre os governos. O medicamento oseltamivir está na berlinda, questionando-se sobre sua real eficácia.
 
Orientado pela Organização Mundial da Saúde, muitos países, inclusive o Brasil, fizeram grandes estoques do medicamento para serem usados no controle da epidemia da influenza. Questiona-se a real adequação dessa prática e o modo como foi implantada, pois denuncia-se o laboratório de impedir pleno acesso aos estudos que comprovam a eficácia. E muito dinheiro foi gasto pelos governos de todo mundo, na compra desse medicamento.
 
Eficácia questionada
Recente estudo apresenta dados importantes, mostrando que o efeito do medicamento não é suficiente para controlar a influenza. Mas, o meio científico vem questionando esse uso desde de 2009 por não haver suporte científico para tal prática. Além disso, o uso desse medicamento pode trazer problemas renais, hiperglicemia (mais açúcar no sangue), depressão e delírios. Em 2005, o governo japonês associou a morte de 12 crianças e o comportamento anormal de outras 32 devido ao uso do medicamento. 
 
Milagre ou veneno?
Há de se ressaltar que toda notícia sobre medicamento deve ser analisada sem a paixão típica das torcidas de futebol. Muitas vezes, as divulgações sobre medicamentos oscilam entre remédio milagroso e veneno puro. Todo medicamento sempre apresentará riscos, por isso as pessoas não devem se automedicar e seus efeitos sempre tem uma ação limitada a ser considerada.

Neste caso, além do próprio laboratório, pesquisadores importantes defendem o uso do oseltamivir. E uma visão interessante é de um cronista do jornal londrino “The Independent”, o qual diz que a imprensa deve fazer o mea culpa, ao afirmar o possível peso das manchetes sensacionalistas nas más decisões dos governantes.