A sugestão da coluna desta semana foi dada pelos meus queridos amigos e parceiros da New Site Brasil, empresa que desenvolve o site da Rádio Jornal da Orla/Digital Jazz, César Farkas, Wilton Junior e Fabiano Luiz.
Uma lembrança muito pertinente em razão da existência de inúmeros desenhos animados que têm o Jazz como trilha sonora das suas aberturas e dos seus principais episódios.
Pensando sobre o assunto, lembrei dos desenhos do Charlie Brown, Os Simpsons, Betty Boop, Du, Dudu e Edu, Tom e Jerry, Os Jetsons, Manda Chuva, Os Flinstones, A Pantera Cor de Rosa, Família da Pesada e Padrinhos Mágicos entre tantos outros. São muitos, não é mesmo. E com grande qualidade musical.
Os estúdios Disney, Hanna Barbera, Walter Lantz, Warner Bros., Universal e MGM, desde as décadas de 30 e 40, ofereciam o Jazz como parte integrante das suas histórias, onde podemos encontrar belos registros musicais. E nas décadas seguintes também.
Ouso dizer que, graças aos desenhos animados, várias gerações de fãs do Jazz foram formadas. Num primeiro momento subliminarmente e depois anos mais tarde com a efetiva descoberta do gênero por conta própria.
Como muitos destes desenhos animados ainda são exibidos atualmente nos canais abertos e nos canais segmentados para crianças na TV a cabo, posso afirmar que ainda teremos muitas crianças sendo formadas e iniciadas ao som do Jazz. Que sorte a delas.
Cito uma das cenas mais marcantes nos desenhos animados, aquela da Betty Boop, com o tema clássico “Minnie The Moocher” de Cab Calloway (1931).
Outra turma jazzista é a do simpático Charlie Brown ao lado de seus amigos Linus e Snoopy, que desfrutaram do jazz na maioria dos seus episódios, compostos pelo pianista Vince Guaraldi.
E, destaco também as trilhas de abertura dos desenhos do esperto Manda Chuva e a do bonachão Fred Flinstone, que tiveram clássicos da Era do Swing executados por afinadas Big Bands. E mais recentemente, me chamou a atenção à abertura do desenho do Du, Dudu e Edu, com um alucinante boogie woogie.
Pesquise e ouça as trilhas dos seus desenhos favoritos e não se surpreenda por descobrir grandes afinidades com o Jazz.
Nas próximas colunas falarei das séries de TV (a minha predileta é a do Batman de Neil Hefti) e de mais alguns filmes do cinema que têm o Jazz como grande marca.
MPB 4 – “Contigo Aprendi”
O projeto do novo trabalho “Contigo Aprendi” do grupo vocal MPB4, um dos principais do Brasil e com uma carreira de mais de 45 anos de estrada, demorou muito para sair do papel. Lançado com 11 temas pelo selo Biscoito Fino.
Era um desejo antigo de Magro Waghabi (falecido em 2012), Miltinho Lima, Aquiles Rique e Dalmo Medeiros, porém entraves burocráticos, como a liberação dos direitos autorais das músicas, dificultaram um pouco a realização deste sonho.
Regravar boleros clássicos com a identidade do grupo não foi uma tarefa fácil, mas o resultado final compensa todas as dificuldades encontradas. E outro detalhe interessante é que as letras das músicas, todas em português, foram assinadas por letristas brasileiros. Caetano Veloso, Abel Silva, Fernando Brant, Paulo Cesar Pinheiro são alguns deles.
E os arranjos instrumentais ficaram por conta do Duofel, Trio Madeira Brasil, Quinteto Maogani e Toninho Horta, cada um deles responsável por três arranjos.
O grupo marcou sua trajetória fazendo gravações antológicas dos principais temas da nossa MPB. E ainda hoje, depois de tantos anos, mostra uma incrível vitalidade e uma grande capacidade de se reinventar.
Ouça com atenção os temas “Contigo Aprendi” e “Eu Amei Uma Vez”, com a participação de Toninho Horta, “A Barca” e “Sabor em Mim” com Duofel, “Contigo Na Distância”, com o Trio Madeira Brasil, e “Tu Me Acostumaste”, com o Quarteto Maogani. São sensacionais.
A sonoridade latino-americana, em versões inéditas, ficou perfeita na “performance” vocal do MPB4. Um trabalho único e sofisticado. Os fãs do grupo vão se surpreender.
Alberto Rosenblit – “De Bem Com a Vida”
Para aqueles que não conhecem, Alberto Rosemblit é um excepcional pianista e também um experiente produtor musical de novelas e minisséries da TV Globo, além de compositor e arranjador.
E mais uma vez a cidade do Rio de Janeiro serviu de inspiração para as onze músicas do seu segundo trabalho, “De Bem Com a Vida”, lançado em 2009 no formato CD/DVD pelo selo Dabliú.
Óbvio que encontraremos “Bossas Muito Novas” inspiradas, ao lado de convidados muito especiais que fazem parte do primeiro time da nossa música.
Merece destaque também as participações dos músicos Roberto Menescal, seu padrinho e grande incentivador, e Lula Galvão nos violões, Jorge Helder no contrabaixo, Paulo Braga na bateria, Vittor Santos no trombone e Jacques Morelenbaum no cello.
Impossível não se apaixonar pelos temas “Leblon” com a participação de Ivan Lins, “Toada da Vida” com os integrantes do grupo vocal Boca Livre, “Dia a Dia” com a surpreendente Mônica Vasconcelos, “De Bem Com a Vida” com Joyce, “Na Rua Sol Maior” com Zé Renato, “Beco das Garrafas” com Zélia Duncan e “Esperei” com o seu antigo parceiro Celso Fonseca.
Aí está a dica de um disco muito gostoso de ser ouvido e que reforça a minha tese de que a Bossa Nova está mais viva e atualizada do que nunca. É, no presente, foi no passado e será no futuro.