Clara Monforte

Olhos nos olhos com Rene Belmonte

28/03/2014
Olhos nos olhos com Rene Belmonte | Jornal da Orla
Tem em seu currículo filmes de grande sucesso, como “Sexo com Amor?”, de Wolf Maia, “Sexo, Amor e Traição”, de Jorge Fernando, e os seriados “Avassaladoras” (Rede Record e Canal Fox), “Sob Nova Direção” (Rede Globo) e “A Lei e o Crime” (Record).
Você é jovem e já tem uma extensão de vários trabalhos executados. O que fez para alcançar sucesso?
Já não sou mais tão jovem, e se pudesse teria começado mais cedo. O que fiz foi. bom, sucesso é algo relativo. Mas cheguei aonde cheguei através de perseverança, teimosia, nunca realmente acreditar que “cheguei a algum lugar”, e uma curiosidade sem limites, que me faz sempre querer aprender mais e sempre ir atrás do desafio seguinte.
 
Dos roteiros que assinou, qual o mais desafiador?
O mais desafiador foi o “Assalto ao Banco Central”, tanto por ser a primeira vez que escrevia sobre eventos baseados em fatos reais, quanto pela forma narrativa, não-linear.
 
Quanto de inspiração e de transpiração existe, para escrever um roteiro?
Cem por cento de transpiração. Inspiração não é algo que se quantifica, é algo que se vive o tempo todo, faz parte da vida.
 
Você prefere escrever para a televisão ou para o cinema? 
Existem as diferenças formais, cinema é uma tela grande onde as pessoas pagam para dedicar atenção ininterrupta, TV é um eletrodoméstico que as pessoas têm em casa que divide atenção com várias outras coisas. Fora isso, a principal diferença é que um roteiro para cinema pode levar anos até ser produzido, e passa por inúmeras mudanças nesse processo. Em TV, o processo tende a ser muito mais rápido. Gosto de escrever igualmente para ambos.

O que lhe move a escrever – desde os 12 anos?
Compulsão. Comecei a escrever ao mesmo tempo em que comecei a me interessar por literatura. Consumir e criar são dois atos que andam juntos.
 
Como, e por quê, um publicitário se transforma em roteirista?
Não me formei, nem nunca quis ser publicitário. Na época não havia internet, TV era domínio de uma única emissora, e cinema havia sido praticamente extinto no Brasil. Escolhi publicidade porque me pareceu a única alternativa que me permitisse uma carreira que usasse a criatividade.
 
Você foi colaborador da adaptação da novela “Rebelde”, um texto original da emissora Televisa. Foi um desafio adaptar para o Brasil um texto mexicano?
Não. O original mexicano foi apenas o ponto de partida, a partir da segunda semana, personagens e tramas ganharam características próprias e locais. Honestamente, sei muito pouco do que aconteceu no original mexicano.
 
Você foi um dos talentos revelados da oficina de Autores da Globo. Qual a principal lição que aprendeu por lá?
Foi muito importante para mim, mesmo não tendo sido contratado (o orientador insistia que meu talento estava no melodrama, quando desde sempre eu quis trabalhar com humor). Mas foi o primeiro lugar onde fui testado e pressionado, onde conheci outros roteiristas com os mesmos sonhos que eu (muitos dos quais se destacaram), e tive a certeza de que esse era meu caminho profissional. Tanto que foi a partir da oficina que passei a me considerar um profissional.
 
Entre os seus filmes de mais sucesso, está “E Se eu Fosse Você”. Como é escrever para nomes como Tony Ramos e Glória Pires?
Vou confessar que foi mais fácil do que difícil – é reconfortante escrever já sabendo que os atores escalados dariam conta com brilho dos personagens. Para este, e para todos os trabalhos que faço, sempre me coloco na pele de meus personagens, escrevo escutando a voz deles, antecipando suas ações.
 
Quais são seus próximos projetos na TV e no cinema?
Estou desenvolvendo um projeto de seriado para a Record, dois especiais de final de ano, e trabalhando em um filme novo.