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Paraísos da Bossa Nova – Bossa Nova chr38 Companhia

17/02/2014
Paraísos da Bossa Nova – Bossa Nova chr38 Companhia | Jornal da Orla
Conforme o prometido na semana passada, continuo a destacar alguns dos locais especiais, que são indicados para aquelas pessoas que gostam de boa música e que não dispensam conhecer lugares interessantes e cheios de charme. Lugares muito especiais, que têm corpo e alma e que, na maioria das vezes, os guias turísticos, esquecem de nos indicar. A cidade do Rio de Janeiro tem vários destes lugares, que considero verdadeiros “paraísos aqui na terra”.
 
Falo da filial da “Toca do Vinicius”, aberta em 2006 e que tem também o nome sugestivo de “Bossa Nova & Companhia”, localizada num dos redutos mais importantes da Bossa, no bairro de Copacabana, na Rua Duvivier no. 37, bem na esquina do “Beco das Garrafas”, atualmente em fase de revitalização. Uma excelente notícia
 
Neste beco, aconteceram os shows e as temporadas mais incríveis da Bossa Nova e ali se instalaram as famosas boates “Little Club”, “Bottle’s” e “Baccara”. E diz a lenda que os moradores do local, revoltados com o barulho, jogavam garrafas pelas janelas na direção dos frequentadores mais animados. Daí surgiu o nome curioso e lendário.
 
A casa é dirigida pela segunda geração da família (pela filha e sobrinho) de Carlos Alberto Afonso, o criador deste conceito diferenciado de livraria, com algo mais (e muito mais), e que mesmo com a concorrência dos grandes shoppings e das oscilações do mercado financeiro, consegue sobreviver com vigor e com perspectivas de crescimento.
 
Mais ampla que a Toca, a loja é dividida em três ambientes e tem um repertório musical bem variado com mais de 2.500 livros sobre música, uma seleção de discos, CDs,  DVDs, instrumentos musicais, lembranças temáticas e uma exposição permanente de mais de 100 fotos raras, que contam os vários momentos e os grandes personagens da Bossa Nova. A decoração também merece grande destaque e em vários cantos podemos encontrar o mobiliário típico dos anos 50 e 60. Um diferencial que faz brilhar nossos olhos e acelerar o nosso coração de emoção.
 
E não se surpreenda de encontrar, por lá, os nomes da nova geração de intérpretes e dos grupos que atualmente estão gravando Bossa Nova, que considero como “Bossa Sempre Nova”. Ela continua inspirada e atualizada aos novos tempos e aos ares da modernidade. Eu encontrei o genial guitarrista Victor Biglione
 
A loja é um delírio para os turistas estrangeiros e brasileiros, para os cariocas que viveram a fase áurea da Bossa Nova, e agora para os mais jovens, que ali podem conhecer e vivenciar um pouco “o amor, o sorriso e a flor”. Como nos bons tempos.
 
 
Duke Ellington – “Indigos”
 
 
O pianista, maestro, compositor, arranjador e “band leader” Duke Ellington é um dos maiores gênios da música. É autor de mais de três mil músicas e sua obra musical, hoje universal, pode ser comparada aos maiores compositores de todos os tempos.
 
Sua importância não se restringe apenas ao Jazz e pode ser estendida para o cancioneiro americano. E suas composições, sempre muito inspiradas, são revestidas de histórias muito interessantes. Foi um homem culto, gentil e muito educado.
 
Pela sua orquestra, liderada por ele por mais de cinquenta anos, passaram alguns dos maiores músicos de Jazz que se tem notícia e vou destacar um CD muito especial, intitulado “Indigos”, relançado pelo selo Columbia no ano de 1989, com gravações do ano de 1957 feitas em Nova York, recheadas de baladas. Desta forma, recomendo que este disco seja ouvido e curtido ao lado de uma boa companhia e de preferência num momento de tranquilidade.
 
Meus destaques vão para “Solitude” e “Mood Indigo”, com os solos de piano de Ellington, “Where Or When” e “Night And Day”, com os solos mágicos do saxofonista tenor Paul Gonsalves, “Prelude To A Kiss”, destacando o saxofonista alto Johnny Hodges, “Tenderly” com o clarinetista Jimmy Hamilton e “Dancing In The Dark” com o saxofonista barítono Harry Carney. Por estes solistas, você já tem uma ideia do “dream team” que ele dirigiu neste trabalho.
 
Ellington teve a grande virtude de respeitar muito os músicos da sua orquestra e conseguia extrair, de todos os seus comandados, o máximo de seus talentos, resultando numa sonoridade única e vigorosa, que encantou a todos e que continua a encantar até os dias de hoje.
 
Um dos grandes gênios do Jazz, que pode e deve ser conhecido através da sua vasta e rica discografia.
 
 
Mel Tormé & Rob McConnell and The Boss Brass – “Velvet & Brass”
 
 
O cantor Mel Tormé era conhecido como a “voz de veludo” e começou a trabalhar com apenas quatro anos de idade. Precoce e muito talentoso, além de cantar, compôs mais de trezentas músicas, tocou bateria, piano e também atuou como ator.
 
Mais sem dúvida foi cantando de forma romântica que ele se destacou na cena do Jazz, esbanjando um timbre de voz simplesmente único.
 
Neste trabalho do ano de 1995, “Velvet & Brass”, lançado pelo selo Concord Jazz, Mel Tormé gravou ao lado da orquestra do também saudoso e ousado trombonista canadense Rob Mcconnell. E foi a segunda vez que se reuniram em estúdio para gravar alguns temas marcantes. A primeira vez foi no ano de 1987.
 
Um disco que uniu a tradição do Jazz traduzido pela voz de Tormé, com o estilo arrojado, moderno e surpreendente da Big Band de Mcconnell, composta por vinte e dois músicos excepcionais.
 
Destaco os temas: Nobody Else But Me”, “If You Could See Me Now”, “I Get A Kick Out Of You” (que ganhou o prêmio Grammy pelo arranjo e pelo acompanhamento vocal no ano de 1996), “I’ll Be Around”, “In The Still Of The Night” e “I’m Glad There Is You”.
 
Ouça com atenção os solos de Jim Viviann no contrabaixo, David Restivo no piano, John Johnson no sax alto, Guido Basso no flugelhorn e Rick Wilkins no sax tenor.
 
Mel Tormé e Rob Mcconnell se destacam pela versatilidade e incrível talento. Carreiras de peso no mundo do Jazz.