Pela primeira vez em Santos será comemorado o Dia Nacional da Bossa Nova, que ocorre neste dia 25 de janeiro, das 16 às 18 horas, no Museu do Café, com entrada gratuita. E a proposta da TRIO Produções Culturais, organizadora do evento, é que a data esteja no calendário anual de eventos culturais da cidade. Já está tramitando, na Câmara Municipal de Santos, um projeto de lei para que isto ocorra.
A data comemorativa foi instituída através de Lei Federal no. 11.926, de 17 de abril de 2009 e, coincidentemente, neste mesmo dia 25 de janeiro, também se comemora o aniversário de nascimento de Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, maestro, arranjador, pianista, violonista, cantor, compositor e um dos fundadores do movimento. Ele completaria 87 anos de idade.
A Bossa Nova teve seu marco inicial num dia de agosto de 1958, quando foi lançado o 78 rotações do cantor e violonista João Gilberto com as músicas “Chega de Saudade” (Tom Jobim/Vinicius de Moraes) e “Bim Bom” (João Gilberto). E, alguns meses antes, o mesmo João Gilberto tinha acompanhado com o seu violão a cantora Elizete Cardoso em 2 faixas, a mesma “Chega de Saudade” e “Outra Vez” no disco “Canção do Amor Demais”, exclusivamente com as canções da dupla Tom Jobim e Vinicius de Moraes. A sua célebre batida sincopada ao violão transformou e revolucionou para sempre a música popular brasileira.
É importante destacar que, em 2014, o gênero continua preservado e difundido com vigor por uma grande legião de fãs no Brasil e também espalhados por diversas partes do mundo.
Na comemoração aqui em Santos, estarão presentes os talentosos artistas locais Bruno Conde (violão), Theo Cancello (teclado e acordeon), Clóvis Vieira (violão) e os cantores Kleber Serrado, Anna Beatriz, Nadja Soares e Wendy (Priscilla Rodrigues).
Os homenageados: Tom Jobim, João Gilberto, Vinicius de Moraes, Roberto Menescal, Carlos Lyra, Marcos Valle, Johnny Alf, Durval Ferreira e os compositores atuais.
Para encerrar, cito as sábias e qualificadas palavras do meu prezado amigo Carlos Alberto Afonso, dono da Toca do Vinicius no Rio de Janeiro, que considero uma das maiores autoridades sobre o assunto no Brasil, que destacou: “A maioria esmagadora das pessoas pensa que a Bossa Nova é a canção. O mercado faz com que pensem assim. É muito importante – sob diversos aspectos – que os pingos fiquem sobre os is. A sociedade precisa saber que a Bossa Nova é apenas a forma de execução (harmonias, arranjos, acordes, colocações vocais, seleção e comportamento instrumental) do Samba. Se nós que temos consciência desta verdade (factual), que independe de opinião (porque é fato)… se nós contribuirmos para a conscientização, certamente estaremos contribuindo para com a cultura”.
Pedido aceito e compartilhado. Viva a Bossa Nova !!! Parabéns, querido e eterno Tomzinho !!!
Bossacucanova Ao Vivo – “Celebrating 50 Years Of Bossa Nova”
O grupo carioca formado pelos por Márcio Menescal (filho do genial Roberto Menescal e contrabaixista), Dj Marcelinho DaLua e Alex Moreira (tecladista) surgiu no ano de 1999, com a ousada proposta de revisitar a Bossa Nova, incorporando nela ares da modernidade. Ou seja, ritmos eletrônicos e mais dançantes ao repertório tradicional do gênero, propiciando que o gênero pudesse chegar às gerações mais novas.
Este trabalho, do ano de 2008, foi lançado na versão CD (apenas no Brasil) e também na versão CD/DVD (para o mercado americano e japonês) e marcou as comemorações dos 50 anos da Bossa Nova.
Vou destacar a versão mais completa, que ganhou imagens raras de um documentário, trechos do show do grupo feito no Canecão, reunindo diversos convidados especiais: Roberto Menescal, Fernanda Takai, Marcel Powell, Carlos Lyra, Leo Gandelman, Marcos Valle, João Donato entre outros. As faixas “O Barquinho”, “Influência do Jazz”, “Só Danço Samba” e “Rio” merecem destaque no DVD.
No CD, destaque para os convidados especiais Ed Motta , Wilson Simoninha e Jaques Morelembaum. E as faixas “Essa Moça Tá Diferente”, “Samba de Verão”, “Garota de Ipanema” e “Balanço Zona Sul” ganharam versões muito interessantes.
Gosto da ousadia do Bossacucanova e vê-los ao vivo é uma experiência diferente e marcante. Pude assistir a um show deles no Festival de Jazz de Búzios/RJ alguns anos atrás e confesso que fiquei muito bem impressionado com a performance dos meninos e seus convidados especiais, que são sempre uma surpresa à parte.
Carlos Lyra, Roberto Menescal, Marcos Valle e João Donato – “Os Bossa Nova”
No ano de 2008, outro encontro importante, marcou as comemorações dos 50 anos da Bossa Nova. Pela primeira e única vez, em estúdio, se reuniram, aos representantes da primeira geração da Bossa Nova, Lyra, Menescal, Valle e Donato. Só por isso, já renderia ao CD, gravado com 14 faixas (algumas inéditas e a maioria clássicos) pelo selo Biscoito Fino, o status de imperdível.
O produtor José Milton conseguiu conduzir as gravações num clima leve e descontraído. E nem poderia ser diferente, afinal, ali estavam reunidos 4 grandes amigos que se juntaram aos seus convidados, que de forma alternada contribuíram também com o seu talento para o resultado final do disco. São eles: Jorge Helder (contrabaixo), Paulo Braga (bateria), Jaques Morelenbaum (cello), Jessé Sadoc (trompete e flugelhorn) e Dirceu Leite (saxofones e flauta).
Destaques para “Teresa da Praia” (que ganhou um duo muito interessante de Menescal e Donato), as instrumentais “Sextante”, “Entardecendo” e “A Cara do Rio” e mais “Vagamente”, “De Um Jeito Diferente”, “Até Quem Sabe” e com os 4 reunidos, “Samba do Carioca” e “Bossa Entre Amigos”.
Só uma observação final: eles bem que poderiam ter gravado juntos em todas as faixas. Fiquei com vontade de quero mais e espero que em breve eles se reúnam novamente.
Entrosamento, parceria e ritmo são as marcas deste trabalho memorável, que deve fazer parte da discoteca de todo amante da Bossa Nova. Um CD que fugiu do óbvio e está aí para perpetuar o gênero para sempre.
