As doenças de pele, apesar de algumas serem muito comuns, ainda enfrentam preconceito por falta de conhecimento de boa parte da sociedade, reação que causa grande impacto sobre a autoestima do paciente. É o caso da hanseníase, da psoríase, do vitiligo e outros males visíveis, que provocam um aspecto indesejado à pele. “O esclarecimento e o acesso à informação do público em geral podem contribuir para evitar constrangimentos”, diz a médica dermatologista Christiana Blattner, que comenta sobre algumas das principais doenças de pele e os tratamentos mais avançados para controlá-las.
Hanseníase
A hanseníase é uma infecção causada pelo Bacilo de Hansen. A doença, que no passado era denominada de Lepra, apresenta como sinais e sintomas mais frequentes manchas claras em qualquer área da pele, com adormecimento. A transmissão ocorre pelas vias respiratórias (secreções nasais, tosses, espirros). “Iniciando rapidamente o tratamento, que é feito com o uso de medicamentos, é possível evitar quaisquer sequelas graves, como úlceras e deformidades”, afirma Christiana Blattner. Apesar de o bacilo causador da doença infectar um grande número de pessoas, a maioria consegue se defender naturalmente e poucas adoecem realmente. “Assim que a pessoa doente inicia o tratamento, ela deixa de transmitir o bacilo”, esclarece a especialista.
Hemangiomas
Os hemangiomas são tumores benignos dos vasos sanguíneos que surgem já no primeiro ano de vida. As manchas pequenas podem ser inofensivas, porém as mais extensas podem ameaçar a vida do paciente, provocando obstrução de visão, das vias aéreas ou digestivas. “O tratamento precoce, com o uso de laser, faz com que o problema seja interrompido e reduz o risco de sequelas”, comenta a médica. “A luz do laser vira energia térmica dentro da pele e, por sua alta temperatura, coagula o vaso, destruindo-o sem causar nenhum problema, porque ele é reabsorvido pelo organismo”.
Acne
Comum especialmente durante a fase da adolescência, mas também em muitas pessoas na fase adulta, a acne em casos mais severo afeta de forma significativa a autoestima. “Jovens com um processo inflamatório agudo, com muitas espinhas no rosto, ou pessoas que ficam marcadas por vários anos pelas cicatrizes de acne, podem ter a autoestima bastante afetada pelo problema”, comenta. Por ser multifatorial, envolvendo causas genéticas, hormonais, entre outras, a acne exige vários métodos combinados para o tratamento. “O tratamento é individualizado, por isso depende da consulta do paciente com o seu médico dermatologista”, explica Christiana. A boa notícia é que até mesmo as cicatrizes mais profundas podem ser suavizadas com microenxertos, micropreenchimentos, microlixamentos, uso de laser vascular e outros procedimentos dermatológicos.
Psoríase
A psoríase é uma doença crônica não contagiosa que afeta aproximadamente 3% da população mundial. Atinge tanto homens quanto mulheres, principalmente na faixa etária entre 20 e 40 anos, e especialmente áreas como unhas, tronco, couro cabeludo, e inclusive articulações, com dores que simulam artrite. O tratamento pode variar entre medicações locais ou por via oral, dependendo do tipo e da extensão das lesões. “Hidratar bem a pele é indispensável, pois a psoríase frequentemente acomete articulações, como os cotovelos, que são regiões mais ressecadas”, explica a médica. Segundo ela, não se pode prevenir a doença, mas o acompanhamento médico é importante para controlar a reincidência.
Vitiligo
O vitiligo caracteriza-se pela diminuição ou falta da melanina, o pigmento que dá cor à pele, em certas áreas do corpo, onde aparecem manchas brancas. Estas lesões atingem principalmente cotovelos, joelhos, face, além das genitálias, mãos e pés. “Quanto mais precocemente iniciado o tratamento através de medicamentos e da fototerapia, melhor será o resultado. Apesar dos danos estéticos que acarreta, o vitiligo não causa nenhum prejuízo à saúde nem é transmitido de pessoa para pessoa”, garante Christiana Blattner.