O Porto de Santos, implantado ao longo de um canal estuarino, sempre dependeu das revisões e manutenções quanto à largura e profundidade deste sistema aquaviário.
A largura e a profundidade originais deste canal precisaram ser revisadas ao longo da história, em função dos crescimentos das embarcações contratadas pelos exportadores e importadores.
Diferentemente dos portos off-shore, aqueles que são implantados distante da costa, e, portanto, contando com profundidades naturais elevadas, os portos implantados em regiões estuarinas, como o de Santos, necessitam de constantes manutenções das profundidades de seus canais de acesso.
Em regiões que foram artificialmente aprofundadas, as movimentações das marés terminam provocando constantes deposições de materiais nos fundos dos canais, exigindo, assim, a realização de permanentes serviços de dragagens.
Os serviços para alargamentos e aprofundamentos do canal do Porto de Santos, bem como para as suas manutenções, são característicos e indispensáveis para a competitividade e viabilidade do maior complexo portuário do hemisfério sul.
Então, por que tal tema é sempre destacado como se fosse um sério problema? Por que inclusive este artigo fala na interminável novela da dragagem do Porto de Santos?
Os problemas envolvem a falta de atenção correta para o tema.
No início dos anos 2000, a agência ambiental Cetesb proibiu a dragagem no Porto de Santos, sob a alegação de que havia índices de contaminantes próximos aos limites toleráveis.
As dragagens somente retornaram quando a Codesp elaborou estudos ambientais profundos, caracterizou corretamente os contaminantes, delimitou local adequado para seus descartes e mudou as formas de contratações das empresas para tais serviços, cumprindo novas determinações definidas pelo Conselho de Autoridade Portuária (CAP).
Agora, vivenciamos novos capítulos, que demonstram a necessidade de mudança de enfoques, quando se estudam as questões das dragagens.
Estudos efetuados pela Universidade de São Paulo (USP), contratados pela Codesp, sugerem que a largura do canal de entrada ao Porto de Santos deveria ser reduzida para 170 metros, como medida para evitar a erosão em praias na região da Ponta da Praia.
Da mesma forma que a proibição da dragagem determinada pela Cetesb no passado, a indicação de redução na largura do canal, no presente momento, apresenta-se como medida inviável para o porto e para as cidades que dele dependem.
Aceitar a restrição na largura do canal do Porto de Santos seria, na verdade, assinar um atestado de óbito antecipado.
Os operadores logísticos de comércio exterior esperam que o Porto de Santos garanta alargamento e aprofundamento de seus acessos aquaviários – e não redução.
A mera informação sobre a possibilidade de restrições pode significar uma sinalização extremamente negativa.
O Porto de Santos precisa de alargamento e aprofundamentode seus acessos aquaviários, para que o mercado o veja como competitivo para o futuro.
No passado, foram encontradas as soluções para a retomada da dragagem e espera-se que os atuais gestores portuários também se dediquem em avaliar e definir as soluções, para que o Porto de Santos conte com acessos aquaviários adequados para os navios presentes e, principalmente, os futuros que necessitarem de suas instalações.
Também não podemos aceitar que os problemas nas praias continuem. Certamente, há soluções técnicas e ambientalmente viáveis para garantir a proteção das praias e a disponibilização de acessos aquaviários adequados.
A comunidade portuária precisa se envolver e se posicionar. Porto sem acessos adequados não sobrevive. Cidade turística sem praias perde seus encantos. Juntos, podemos encontrar as soluções.