A medicina reprodutiva oferece recursos para ajudar as mulheres que têm dificuldade ou adiam a gravidez. Dentre eles, a técnica de fertilização in vitro e o congelamento de óvulos, uma alternativa.
Mesmo gozando hoje da liberdade de escolha, a maternidade ainda é o sonho da grande maioria das mulheres. “É um desejo inerente à natureza feminina. A diferença do passado é que hoje a mulher sente-se mais livre para ter filho ou não, com e até sem a presença do pai, e também para adiar a maternidade, priorizando a carreira profissional”, comenta o ginecologista Condesmar Marcondes, da Clínica Santista de Reprodução Humana.
Condesmar foi o primeiro médico em Santos a realizar o procedimento de fertilização in vitro, que ficou popular como ‘bebê de proveta’. Antes e depois disso, muitos bebês vieram ao mundo com a sua ajuda. “Parei de contar quando chegou em 3 mil”, brinca. Ele ressalta que uma coisa é “não querer ter filho, outra é não poder ter filho”.
Neste segundo caso é que entra a medicina reprodutiva, que oferece recursos para ajudar as mulheres que têm dificuldade ou adiam a gravidez. Dentre eles, a técnica de fertilização in vitro e o congelamento de óvulos, uma alternativa, inclusive, para mulheres que temem engravidar neste momento de epidemia de zika vírus.
Idade ideal para engravidar
Segundo Condesmar, pela natureza até 35 anos é o tempo ideal para a mulher engravidar. Após isso, começa uma queda vertiginosa na fertilidade e aumentam as possibilidades de alterações genéticas nos óvulos (causa da Síndrome de Down, por exemplo) e de aborto por má formação. “Na fertilização in vitro, até 35 anos as chances de engravidar são de 50%. Aos 42 anos cai para 5%”, alerta.
Principais causas de infertilidade
As varizes testiculares (varicocele), as infecções de repetição, caxumba na adolescência são os principais fatores que acometem os homens. A varicocele aumenta a temperatura dos testículos, reduzindo o número e a mobilidade dos espermatozoides. Nas mulheres, a falta de ovulação por ovários policísticos e a endometriose (sangramento anormal nos ovários e órgãos internos) são as causas mais importantes. Hoje, a vasectomia e a laqueadura tubária ganharam importância nos quadros de infertilidade com a realização de novos casamentos. Mas mesmo em casais sem nenhum problema físico, a chance de engravidar no período fértil é de 15% a cada mês (nos animais a fertilidade é de 80%). “Isso se explica porque nós, humanos, somos seletivos”, diz o médico.
Métodos para engravidar
Existem tratamentos de baixa e de alta complexidade:
– Indução da ovulação. Indicado para mulheres que não ovulam. Após medicamentos específicos e monitoramento, o casal manterá as relações sexuais em casa.
– Inseminação artificial. A mulher passa por um processo de indução na produção de óvulos e, no seu período fértil, recebe os espermatozoides de melhor qualidade colhidos em laboratório.
– Fertilização in vitro (bebê de proveta). Após o uso de medicamentos, os óvulos formados pela mulher são colhidos e levados ao laboratório para serem fecundados com sêmen do companheiro. Depois, entre um ou dois embriões são transferidos para o útero materno. Segundo Condesmar, há casos que têm êxito na primeira tentativa, mas em geral três tentativas oferecem 90% de chances de engravidar.
– Congelamento de óvulos e embriões. É indicado para casos de mulheres que adiam a maternidade por questão profissional, por não terem um parceiro no momento ou mesmo antes de passarem por quimio ou radioterapia devido a câncer. O procedimento é considerado seguro e o óvulo “congela” a idade da mulher no dia que foi colhido. “O ideal é que seja retirado até 35 anos. Após este período os óvulos tendem a envelhecer e perder qualidade”, enfatiza o ginecologista. Quando a mulher decidir utilizar os seus óvulos, eles serão descongelados e fertilizados com espermatozoides, o que pode ser feito mesmo por uma mulher já vivendo a menopausa, que precisará apenas repor hormônios para segurar a gravidez.
Serviço – Condesmar Marcondes de Oliveira, Clínica Santista de Reprodução Humana, Rua Alexandre Herculano, 83, tel. 32731193.