Roteiros Nacionais

Mergulho turístico

23/04/2016
Mergulho turístico | Jornal da Orla
O mergulho autônomo de observação é uma das atividades do turismo de aventura que tem motivado a vinda de milhares de estrangeiros todos os anos ao Brasil. No extenso litoral brasileiro há mais de 20 mil naufrágios que datam desde a época do descobrimento do país, de acordo com o levantamento publicado no livro ‘Naufrágios do Brasil: Uma cultura submersa’, de José Carlos Silvares.
 
Museus subaquáticos
Muitos dos navios naufragados na costa brasileira podem ser visitados por meio do mergulho. As embarcações estão localizadas nas mais variadas distâncias da costa. Umas só podem ser alcançadas navegando algumas milhas em alto- mar; em outras, há peças que podem ser avistadas da superfície ou com o uso de snorkel, como o Velasquez, em Ilhabela. Contudo, somente com mergulho autônomo, com o uso de equipamentos de respiração prolongada, é possível identificar cada parte do navio e as espécies que o habitam.
 
Ilhabela (SP)
A ilha do litoral norte paulista é referência em mergulho autônomo no país e contabiliza vários naufrágios. Um deles é o Aymoré, que naufragou em 23 de julho de 1920 ao atingir as rochas na Ponta do Ribeirão. A embarcação, com estrutura de ferro reforçado construída na Grã-Bretanha, havia partido de Santos com o céu estrelado, para uma viagem de rotina em direção ao Rio de Janeiro, mas foi surpreendida por uma tempestade e um denso nevoeiro ao se aproximar do canal de São Sebastião. Quase um século depois, o Aymoré permanece às margens de Ilhabela, submerso em uma lâmina d’água de 11 metros. 
 
Outro navio naufragado em Ilhabela é o transatlântico britânico Velasquez, na noite de 16 de outubro de 1908. A bordo, 56 passageiros com destino a Nova York e Liverpool. A viagem foi interrompida com o choque da luxuosa embarcação nas rochas da região conhecida como Ponta da Sela. Hoje, o Velasquez repousa a 8 m de profundidade e 5 m de distância da ilha.
 
Rio de Janeiro 
No dia 9 de março de 1949, o transatlântico inglês Magdalena iniciou sua viagem inaugural partindo de Londres em direção ao Porto de Santos. Após a chegada ao Brasil, o navio se dirigiu aos portos de Buenos Aires e Montevidéu. O Magdalena fez mais uma escala em Santos e antes de retornar à Europa faria mais uma parada no Rio de Janeiro. Contudo, enquanto passava pelo litoral carioca, se chocou com rochedos submersos nas ilhas Tijucas, teve o casco rompido e encalhou. Durante o reboque até o porto para reparos, o navio partiu-se ao meio em frente à praia do Leme. A popa (parte traseira do navio) permaneceu flutuando até encalhar na praia de Imbuí, em Niterói. 

Guarapari (ES)
O navio cargueiro britânico Bellucia, considerado de grande porte no início do século XX, naufragou em fevereiro de 1903, após colidir com a ilha da Escalvada, no litoral de Guarapari, e se partiu no compartimento das caldeiras. Atualmente, o navio está a 20m de profundidade. A proa e a popa se encontram a 150m de distância uma da outra em bom estado de preservação.
 
Litoral de Pernambuco
A corveta Camaquã, construída em 1939, foi um dos destaques da força naval brasileira que patrulhava nosso litoral durante a Segunda Guerra Mundial. Em sua carreira heroica, ela escoltou mais de 700 navios mercantes, mas sua glória chegou ao fim no dia 21 de julho de 1944. A Camaquã estava retornando a Recife quando uma grande onda atingiu o navio, inclinando-o para a direita. As duas ondas seguintes selaram seu destino a 50 metros da superfície. Atualmente, essa corveta é um dos principais pontos de mergulho turístico no Brasil, devido ao estado de preservação considerado excelente em comparação com os demais naufrágios no litoral do país.
 
Fernando de Noronha 
No arquipélago de Fernando de Noronha, outra corveta da Marinha que teve um papel de destaque na defesa do litoral brasileiro repousa a 60m de profundidade. Construída em 1953, a carreira da Ipiranga se encerrou tragicamente no dia 3 de outubro de 1983, quando fazia uma patrulha de rotina no arquipélago de Fernando de Noronha e se chocou com um rochedo submerso na Ponta da Sapata. O impacto rompeu o casco da Ipiranga, conduzindo-a lentamente ao fundo do mar.