São portos administrados localmente, de forma profissionalizada, que conseguem sua autonomia financeira e de gestão, como consequência de seus resultados positivos.
Estes portos com participação municipal em suas administrações profissionalizadas não precisam de recursos de governos para investimentos em infraestrutura, expansões e dragagens de seus pontos de atracações.
Os governos cuidam basicamente das dragagens nos canais de acesso e nos acessos rodoviários e ferroviários.
Com estas defesas para o modelo de porto autônomo fui questionado em alguns debates, seminários e eventos, como um porto autônomo pode, ao mesmo tempo, manter boas relações com a cidade e comunidade onde está instalado?
Alguns opositores do modelo de porto autônomo argumentam que se existe a autonomia então não há nenhuma necessidade ou obrigação de boas relações com a cidade e a comunidade.
Argumentam que, para alcançarmos as boas relações entre o porto e a cidade, o correto seria que os portos fossem dependentes e controlados e não independentes e autônomos.
O equívoco de tais argumentações reside na confusão entre porto autônomo e porto individualista.
O individualista é um ente que vive exclusivamente para si, demonstrando pouca ou nenhuma solidariedade. O individualista tem relação com o egocentrismo e o egoísmo. O modelo portuário atual de nosso país tem gerado portos individualistas e não portos autônomos.
Boa parcela dos portos brasileiros não consegue se relacionar e entender as necessidades da sociedade onde está inserido. Na verdade, não conseguem dialogar e atuar conjuntamente com suas cidades, porque todas as definições estratégicas não são mais definidas pelos mesmos e, sim, pelo Governo Federal.
Precisamos de portos que tenham autonomia e condições de independência para dialogarem e decidirem sobre seus rumos, em conjunto com as forças locais, e não dependendo de forças e ditames externos, quer estaduais ou federais.
Não podemos continuar convivendo com portos com gestões individualistas que vivem, atuam com base nas definições personalistas e centralizadas em Brasília, como se não houvesse ninguém em seu redor.
Precisamos que os portos dialoguem com suas cidades e comunidade, de forma institucional, e não dependendo apenas das boas relações entre as pessoas que ocupam funções nas instituições. Portos que sejam solidários com as realidades locais.
Diminuído o individualismo nos portos e conquistando portos autônomos, todos, portos e cidades, vivenciarão a verdadeira interação social, com resultados melhores para todos e certamente com melhores condições para se enfrentar os desafios que sempre surgem no caminhar da vida.
Este talvez seja o maior desafio para a melhoria e modernização do sistema portuário brasileiro.
As cidades precisam lutar pela descentralização e profissionalização dos portos, porém, com a conscientização de que eles estarão mais próximos da comunidade, mas não serão comandados pelos caprichos locais. A autonomia dos portos implica sua obrigação de relacionamentos mais reais e maior responsabilidade com o presente e o futuro de ambos. Do porto e da cidade.
Portos autônomos e solidários é o que precisamos.