Brada-se que não queremos um porto com acidentes sequenciais, gerando efeitos coletivos, sem claras explicações e com dúvidas sobre reincidências. Pronunciamentos são apresentados contra poluições variadas, causadas por algumas operações. Movimentam-se na busca de soluções para os problemas com o trânsito. Questionam-se as demissões de trabalhadores, quando as estatísticas apontam para o continuado crescimento nas tonelagens movimentadas no porto.
Na realidade, esses são temas presentes em qualquer cidade e região portuárias no mundo. Portanto, as atenções devem estar direcionadas na intensidade de tais temas e não apenas nas suas tradicionais constatações.
Justiça seja feita, também temos muitos motivos para defender nossas atividades portuárias, que enfocarei futuramente.
Sobre nossos problemas, creio ser importante nos lembrarmos da declaração do diretor de Gestão Ambiental do Porto de Roterdam, Prof. Diego Vellinga, em recente visita ao Porto de Santos, resumindo as características de nosso sistema portuário: “o que vejo aqui (no Brasil) é como as coisas eram na Europa, ao menos em Roterdam, nos anos 60”.
Talvez haja algum exagero nesta declaração. Porém, evidencia que estamos muito aquém do que precisamos. Certamente muito já foi realizado, mas muito ainda há de ser implementado.
Enfim, variadas motivações têm sido apontadas, sobre o tipo de porto que não se quer.
Também cresce o grupo dos que destacam a necessidade de maior entrosamento entre todos os gestores públicos e privados, para encontrar soluções preventivas e corretivas eficientes e eficazes.
Natural e rapidamente, alguns gestores esforçam-se em destacar que há um excelente diálogo entre os órgãos e que todos estão trabalhando de forma conjunta.
Creio que, realmente, vivenciam-se boas relações pessoais entre os principais gestores envolvidos, de forma direta ou indireta, nas questões portuárias e públicas de nossa cidade e região.
Porém, nas sociedades maduras, os sistemas de planejamentos e, principalmente, as atividades de controles e fiscalizações não dependem somente de relações pessoais. São resultados de instituições formais estabelecidas, fortes, com competências claras e, fundamentalmente, com poder de atuações.
Talvez seja este um dos principais desafios que temos, para alcançarmos o porto que queremos. Precisamos de instituições formais, com atuações conjuntas, e com efetivo poder de decisão e atuação.
Temos muitas instituições, com suas competências e atuações próprias, muitas vezes sobrepondo-se, mas temos dificuldades com instituições formalmente implantadas para atuações coletivas.
Precisamos nos unir para identificar estas instituições formais coletivas e não ficarmos dependendo apenas de boas relações pessoais.
Somente assim teremos o porto que queremos e as instituições atuantes.