Quem vê TITE FRANCO e toda a sua energia contagiante em shows nos palcos de Santos e fora da cidade, não imagina que ele também dedica parte de seu tempo para formar novos talentos musicais. Além de dono de uma voz incrível, carismático e talentoso, é também um dos pioneiros a se profissionalizar em uma área tão efêmera e competitiva quanto a música. Aqui, revela, entre outras coisas, que a música o salvou e que pretende lançar, em breve, um CD infantil.
O que a música representa em sua vida?
A música representa uma cura. Eu descobri que a música fazia parte da minha vida desde pequeno. Andei por uns caminhos tortos e ela me curou.
Como e quando percebeu que era o que queria fazer para o resto da vida?
Percebi a partir do momento em que comecei a trabalhar com crianças. Vi que a maior pureza que posso alcançar é fazendo esse trabalho. Então, cada dia que vou dar aula, é um dia melhor para mim.
A música o escolheu ou, você escolheu a música?
Acredito que a música me escolheu, que ela fez de tudo para me chamar para o lado dela e para apresentá-la em todos os segmentos que eu puder.
Você também é professor de música. Qual a sensação de formar novos talentos?
A sensação de esperança em ver que novos talentos estão se formando e que podem passar pela minha mão. Porque eu sou de um tempo em que ser músico era ser bandido e havia muita discriminação e a velha pergunta: “Você trabalha com o quê?”. Eu respondia: “Sou músico”. “Não, mas não o seu hobby, o que você faz para ganhar dinheiro?”. Aí eu falava: “Música. E ninguém acreditava”.
As pessoas respeitam mais o trabalho de um músico?
Sou de uma geração muito discriminada e hoje os pais das crianças que dou aula já foram meu público. Eles falam que se deixarem os filhos virarem músicos, será por minha causa. Isso é muito gratificante de ouvir.
Como avalia o panorama atual da música da região?
Sou um dos pioneiros na Baixada como profissional da música. Antes, tinha Julinho Bittencourt, Michel Pereira, o Zago … A tendência é melhorar e todos se profissionalizarem decentemente, desde já, para todos que estão no meio, ou para as crianças que estão crescendo, perceberem que dá para viver de música e se manter, ter filhos, tudo, como eu vivo. Hoje eu vivo bem, mas eu “ralei” muito para estar aqui.
O que o público pode esperar do Tite?
Uma dedicação extrema ao meu trabalho e ideias saudáveis e revolucionárias. Estou representando vários tabus que eu não consegui quebrar durante um bom tempo, mas agora, com a ajuda de muita gente que está do meu lado, posso mostrar que um profissional da música é como qualquer outro, ou seja, como um médico. Do jeito que um médico opera, a música opera também muitas curas. A minha é uma delas.
Planos para o futuro?
Gravar um CD do meu projeto “Tio Ti”, voltado para crianças. Quando eu dou aula de música para elas, além de tocar músicas que elas gostam, como “Galinha Pintadinha” e outras, faço um trabalho de composições. Já tenho umas 15 letras infantis. Ensino os problemas do mundo, como a preservação da água, o combate ao mosquito da dengue, através das músicas.