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DVD Pedro Mariano e Orquestra

27/03/2015
DVD Pedro Mariano e Orquestra | Jornal da Orla
O cantor Pedro Mariano no ano de 2014, completando  20 anos de carreira, conseguiu realizar um grande sonho. Gravou ao vivo em São Paulo, no Teatro Alfa, ao lado de uma orquestra sinfônica, nos formatos DVD (16 faixas) e CD (14 faixas), releituras com arranjos orquestrais de seus principais temas do seu repertório e também faixas inéditas. Realização do selo Nau, de sua propriedade e do Canal Brasil.

Filho do pianista Cesar Camargo Mariano e da cantora Elis Regina, ele teve a sorte de nascer numa casa onde a música sempre foi o prato principal e sua escolha em se tornar um intérprete, foi algo natural e que requereu muito esforço.

Na gravação, a Orquestra Eleazar de Carvalho foi regida por Otavio de Moraes e contou com a Direção Musical  de Jorge do Espírito Santo. A banda do cantor, formada pelo santista Marcelo Elias no piano e teclados, Luiz Gustavo Garcia no contrabaixo, Thiago Rabello na bateria e Conrado Goys na guitarra e violões, ganhou a companhia de 6 metais (trompete, flugelhorn, saxofones alto e tenor, flauta e trombone), 8 violinos, 3 violas e 3 violoncelos.

O projeto, extremamente arrojado, só foi possível de se realizar, graças ao aporte financeiro do Banco Bradesco, que apostou no projeto, acreditando que ele deixará um grande legado para a cultura do nosso país.

Uma outra característica interessante do projeto, usado como contrapartida ao patrocinador, merece nosso destaque e aplauso. Por se tratar de uma produção cara, envolvendo muitos músicos, o cantor quando faz apresentações neste formato, em locais fora de São Paulo, utiliza orquestras locais, promovendo um intercâmbio muito interessante entre os músicos consagrados e os músicos locais.

E também, nestas cidades visitadas, realiza palestras para crianças de comunidades carentes sobre música. E essas crianças, também, são convidadas a assistir ao show. Fez assim nas capitais de Salvador, Recife, Brasília e Recife.


Aqui fica meu apelo para que outras instituições financeiras façam o mesmo com outros artistas. Precisamos muito deste apoio, para que a música de qualidade possa ser acessível e perpetuada para as futuras gerações.

O repertório eclético do show foi escolhido seguindo suas preferências pessoais e outras que nunca tinha gravado.

Meus destaques ficam por conta das regravações com a sua identidade de “Certas Coisas”, “Faltando Um Pedaço”, “Você” e “Sangrando”. Também as conhecidas do seu repertório, “Para Você Dar o Nome”, “Simples”, “Miragem” e “Ventania”, esta última uma exigência da sua filha Rafaela, de apenas 8 anos de idade, e as inéditas “Um Pouco Mais Perto”, presente da cantora Ana Carolina, e “Sem Você Sou Não”, do grande amigo, irmão e parceiro Jair Oliveira.

Pedro Mariano vive um momento atual de total independência na sua carreira. Ele cuida diretamente de tudo, desde a seleção de repertório, vendas, distribuição e divulgação de seus discos, além do controle de toda a parte artística. Libertou-se das gravadoras já faz alguns anos, assumindo corajosamente todos os riscos inerentes à tal decisão.

Sou testemunha ocular deste comprometimento e profissionalismo. Trouxe a Santos o artista algumas vezes e posso garantir que, além do talento nato como intérprete, Pedro Mariano se destaca pela sua grande determinação e perfeccionismo. Além de ser uma figura muito engraçada e comunicativa.

 
 
Bondesom – “Três”Bondesom – “Três”

 
Guardem bem o nome deste sexteto instrumental carioca, que, nos últimos tempos, vem surpreendendo pela sonoridade e pela refinada qualidade das suas composições. Curiosamente, a inspiração para o nome veio do grupo A Cor do Som.

Estão juntos há mais de 10 anos e, no ano passado, lançaram o terceiro trabalho, de forma independente, distribuído pela Tratore.

Suas apresentações, que regularmente acontecem nas melhores casas de shows da cidade do Rio de Janeiro e nos festivais de Jazz do país, sempre agradam e despertam grande curiosidade.

O grupo surgiu em 2002, quando os integrantes ainda frequentavam a PUC – Rio e a sua formação atual é composta de Yuri Villar nos saxofones e flauta, Gabriel Guenther na bateria, Antonio Guerra no piano, rhodes, hammond e moog, Pedro Mann no contrabaixo, Pedro Silveira na guitarra e Matias Zibecchi na percussão. Além dos convidados especiais Inventos (quinteto de sopros afinadíssimo) e Dofono na percussão.

O repertório do CD é composto de 8 faixas autoriais, todas inspiradas nas influências pessoais dos integrantes do grupo. Ouvimos claras citações de Moacir Santos e da Orkestra Rumpillez, criada pelo Maestro Letieres Leite e uma forte mistura dos ritmos brasileiros, latinos e caribenhos com o Jazz, Samba, Baião, Flamenco, Tango e outros gêneros.

Chamou também a atenção o projeto gráfico do disco, que contou com a sensibilidade do artista plástico Antônio Bokel, que, durante uma “jam session” do grupo, pintou um grande painel, que se tornou parte integrante do encarte do CD.
Destaco os temas “Impressões”, “Cipó”, “Nascente”, “Ao Tio Paco”, “Café Sem Açúcar” e “Guaratiba”.

Tenho os outros 2 trabalhos anteriores do grupo e pude constatar o amadurecimento natural do grupo e um incrível aprimoramento da linguagem musical, agora com mais temperos percussivos.

Música instrumental de vanguarda, com um colorido sonoro  especial, que agrada muito. Vale à pena conferir. A surpresa vai virar alegria.

 
 
Renato Braz, Nailor Proveta & Edson Alves – “Silêncio – Um Tributo a João Gilberto”


 
Que trio é esse. A linda voz de Renato Braz encontrou magicamente o violão com uma levada bossanovista de Edson Alves e o saxofone e o clarinete envolventes de Nailor Proveta. Mistura de talentos perfeita.

A homenagem, em forma de tributo, não poderia ser mais especial e foi dedicada ao genial João Gilberto, grande arquiteto da Bossa Nova.

O CD com 14 faixas lançado no ano passado pelo selo Coqueiro Verde, em parceria com o Canal Brasil, ganhou inclusive um documentário “Ensaio Sobre o Silêncio”, dirigido por Zeca Ferreira, que mostra os bastidores das gravações, as interessantes conversas dos músicos no estúdio e imagens de Juazeiro, na Bahia, cidade natal de João Gilberto, exibido várias vezes na TV e em diversos festivais de cinema.

Para Renato Braz, que considero um dos maiores cantores em atividade atualmente, foi um grande desafio gravar este CD. Ele teve que cantar alguns tons abaixo do seu tom normal, atendendo a uma indicação do também genial Dori Caymmi. E, com esta atitude, Braz pode se aproximar ao incrível universo de João Gilberto.

Algumas das canções mais representativas do repertório de João Gilberto foram gravadas pelo trio com arranjos lindíssimos e destaco “Pra Que Discutir com Madame”, “Estate”, “Besame Mucho”, “Doralice”, “Eu Vim da Bahia” e “Caminhos Cruzados”.

Vale lembrar que em 10 de julho de 1958,  exatos 57 anos atrás, nos estúdios da Odeon, no Rio de Janeiro, ele gravou o LP “Chega de Saudade”, ao lado de Tom Jobim e sua orquestra.

Portanto, este trio nos oferece uma atual, linda e sensível evocação ao gênio baiano João Gilberto, que, através de seu raro talento, apresentou algo diferente e revolucionário para a música popular brasileira