O brutal assassinato de Matheus Demétrio Soares, de 19 anos, na noite de terça-feira (03), comoveu a comunidade e acendeu, mais uma vez, o eterno debate sobre a insegurança cada vez crescente nos centros urbanos.
Mistura-se neste grande caldeirão a banalização da violência, a impunidade e o questionamento da eficácia do trabalho da polícia -seja no que se refere ao patrulhamento preventivo ou às investigações.
A polícia descarta a possibilidade de o crime ter sido um latrocínio, isto é, roubo seguido de morte. “O jovem estava de costas, conversando com amigos em frente a um bar, quando o suspeito chegou, falou alguma coisa e efetuou o disparo”, afirmou o delegado Luiz Ricardo Lara, da Delegacia de Investigações Gerais (DIG). “A vontade e o desígnio do atirador se deu única e exclusivamente contra a pessoa, não visou praticar roubo”, completou. A polícia investiga a possiblidade de crime passional.
Se comprovada, a tese do delegado reforça o nível de banalização da violência a que chegamos, no qual pequenas desavenças (que no jargão policial é chamado de “desinteligência”), são resolvidas a bala e às custas de vidas humanas.
Infelizmente, a morte de Matheus Soares, que tinha um futuro promissor, é apenas mais um caso, que se soma aos milhares de casos difíceis de entender -e aceitar. Diversos estudiosos em violência urbana relacionam uma série de fatores que ajudam a explicar o cada vez mais crescente número de homicídios por motivos mal explicados, principalmente jovens. Enfraquecimento (ou ausência) de laços familiares, consumo de drogas, pressão dos valores da sociedade de consumo, falta de estímulo nas escolas, descrédito nas instituições, ineficácia do trabalho policial, impunidade, ausência do poder público em áreas socialmente vulneráveis, fácil acesso a armas, fortalecimento do crime organizado…
Mais crimes contra a vida
Paralela à brutalidade do assassinato de Matheus, cresce também a indignação da comunidade com o aumento de crimes contra o patrimônio. Saidinhas de banco, furtos e roubos a estabelecimentos comerciais, “arrastões” em locais de grande concentração de pessoas são cada vez mais comuns. As estatísticas policiais não traduzem a realidade, pois, na maioria das vezes, as vítimas acabam não registrando a queixa, por conta do descrédito na solução dos crimes ou mesmo devido à dificuldade na hora de comunicar o crime à policia.
O que é assustador é que crimes contra o patrimônio e contra a vida andam cada vez mais juntos. As estatísticas policiais mostram um crescimento no número de roubos seguidos de morte (saidinha de banco, sequestro-relâmpago, arrastão, assaltos a comércios, subtração de veículos, invasão de residências). São dados que, no atacado, assustam as autoridades e, no varejo, devastam famílias.
Ao cidadão comum, resta esperar mudanças na legislação e mais eficiência dos órgãos do estado (não só os de segurança pública). Enquanto isso, deve seguir torcendo para nem ele ou alguém próximo seja a próxima vítima.
Manifestações
Nas redes sociais, pessoas próximas à vitima convocaram dois eventos, um às 12h e outro às 18h30, no local onde ocorreu o homicídio, para protestar contra a falta de segurança na cidade, se solidarizar com a família e pedir empenho nas investigações e punição severa ao criminoso.