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Dia Nacional e Municipal da Bossa Nova

24/01/2015
Dia Nacional e Municipal da Bossa Nova | Jornal da Orla
Pela segunda vez consecutiva será comemorado em Santos, o Dia Nacional e Municipal da Bossa Nova, no dia 25 de janeiro, 19 horas, na beira do mar e ao ar livre, na Praça Luiz La Scala, localizada na Ponta da Praia, próximo ao Aquário Municipal.
 
A data comemorativa foi instituída através de Lei Federal no. 11.926, de 17 de abril de 2009, e coincidentemente, neste mesmo dia 25 de janeiro, também se comemora o aniversário de nascimento de Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, maestro, arranjador, pianista, violonista, cantor, compositor e um dos fundadores do movimento, que completaria neste ano, 88 anos de idade.
 
Em Santos, atendendo à nossa solicitação, o nobre vereador Douglas Gonçalves foi o autor da Lei Municipal no. 2.972, de 14 de março de 2014, que inclui, no Calendário Oficial do Município, a Semana da Bossa Nova, sempre de 19 a 25 de janeiro.
 
A Bossa Nova, que é a forma de execução do samba (harmonias, arranjos, acordes, colocações vocais, seleção e comportamento instrumental), teve seu marco inicial em 10 de julho de 1958, quando o cantor e violonista João Gilberto gravou o single “Chega de Saudade” – composição de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, no estúdio da gravadora Odeon, na Cinelândia, no Rio de Janeiro.
 
Alguns meses antes, o mesmo João Gilberto tinha acompanhado, com o seu violão, a cantora Elizete Cardoso em 2 faixas, a mesma “Chega de Saudade” e “Outra Vez” no disco “Canção do Amor Demais”, exclusivamente com as canções da dupla Tom Jobim e Vinicius de Moraes. A sua célebre batida sincopada ao violão, transformou e revolucionou para sempre a música popular brasileira.
 
É importante destacar que em 2015, quando completa 57 anos de vida, o gênero continua preservado e difundido com vigor por uma legião de fãs.
 
A iniciativa em Santos possibilita que as gerações mais novas possam conhecer melhor a Bossa Nova, que atualmente passa por um natural processo de atualização da sua sonoridade. A levada original e única, que permanece preservada, tem recebido alguns ingredientes da modernidade, que dão a ela um ar de frescor e juventude.
 
Theo Cancello (teclados e direção musical), Bruno Conde (violão), Edinho Godoy (violão e guitarra) e os cantores Kleber Serrado, Déborah Tarquínio e Rosa Estevez são os talentosos músicos locais selecionados para a homenagem.
 
Os homenageados: Tom Jobim (aniversariante do dia), João Gilberto, Vinicius de Moraes, Roberto Menescal, Carlos Lyra, Marcos Valle, Johnny Alf, Durval Ferreira, entre outros, além dos compositores atuais. Viva a Bossa Nova !!!
 
 
Marcos Valle & Stacey Kent – “Ao Vivo”
 
Este CD foi lançado em 2013 pelo selo Sony Music, com 14 faixas gravadas ao vivo, na casa de shows Miranda, no Rio de Janeiro, marcando as comemorações dos 50 anos de carreira do pianista, cantor, compositor e arranjador Marcos Valle.
 
Contou com a parceria da incrível, doce e muito afinada cantora americana Stacey Kent, uma das minhas cantoras preferidas e que arrebenta tanto no Jazz, na Bossa Nova e no Clássico. E teve também a participação muito especial do seu marido, o saxofonista tenor Jim Tomlinson, que segue com absoluta competência o legado do lendário saxofonista Stan Getz, que sempre foi um admirador confesso da Bossa Nova.
 
Impossível deixar de me lembrar do disco antológico do ano de 1964, “Getz/Gilberto”, que reuniu Stan Getz e João Gilberto e que trouxe como convidado especial Tom Jobim. Naquele raro encontro, o Jazz e a Bossa Nova se misturaram de uma forma harmônica e muito marcante.
 
A ideia para a gravação deste CD nasceu quando eles se encontraram, para uma participação especial em duo, no show de comemoração dos 80 anos do Cristo Redentor, ocorrido no ano de 2011.
 
A química musical foi tão intensa e imediata, que resolveram gravar juntos um repertório com versões em inglês, embora Stacey Kent, surpreendentemente, domine fluentemente o português e também o francês.
 
Até o final de 2014, estavam rodando o mundo juntos para algumas apresentações especiais, mostrando que o disco tornou-se atemporal e muito bem recebido pelo público e pela crítica especializada.
 
A banda, que acompanhou o trio no disco, foi formada somente por feras: Jessé Sadoc no trompete, flugelhorn e arranjos, Marcelo Martins no sax tenor e flauta, Aldivas Ayres no trombone, Luiz Brasil na guitarra, Alberto Continentino no contrabaixo e Renato “Massa” Calmon na bateria.
 
Seleciono as faixas “Look Who’s Mine”, “The Face I Love”, “The Answer”, “If Went Away”, “The Crikets”, “She Told Me, She Told Me” e as minhas favoritas “La Petite Valse” e o clássico eterno “Summer Samba”.
 
Um disco muito especial e absolutamente indispensável, provando que a Bossa Nova está mais atualizada do que nunca. As agendas de shows de Marcos Valle e Stacey Kent demonstram que o caminho estava certo e muito bem escolhido.
 
 
Wanda Sá – “Ao Vivo”
 
Em grande estilo e recebendo vários convidados especiais, a cantora e violonista Wanda Sá marcou os 50 anos de carreira, gravando ao vivo no Espaço Tom Jobim, localizado no belo Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, um DVD (com 15 faixas) e CD (com 11 faixas), ambos contendo 3 faixas bônus, lançados no final do ano passado pelo selo Biscoito Fino.
 
Considerada como uma das pioneiras da Bossa Nova, ela acompanha o movimento desde o seu início, quando tinha apenas 16 anos. Primeiro como fã de carteirinha dos primeiros encontros e shows e depois como uma de suas principais protagonistas. Foi aluna e depois professora da famosa Academia de Violão de Roberto Menescal e Carlos Lyra, seus grandes mestres e padrinhos musicais.
 
Seu disco de estreia “Wanda Vagamente” (1964) é uma referência marcante até os dias de hoje, nos quesitos estética (a capa do disco é sensacional,  tem a cara e a alma da Bossa Nova) e também no musical.
 
Os convidados para esta noite de gala são muito especiais: Carlos Lyra, Marcos Valle, João Donato (outro grande mestre para ela), Dori Caymmi e a cantora americana Jane Monheit. A única ausência sentida e justificada foi a de Roberto Menescal que no dia da gravação do show, estava nos Estados Unidos, recebendo em Las Vegas, o prêmio Grammy Latino.
 
Dona de uma voz maravilhosa e uma levada no violão apaixonante, Wanda Sá mostra vigor e sentimento nas suas interpretações, no repertório muito bem equilibrado, que prestigia vários compositores importantes da Bossa Nova, que não foram tão festejados.
 
A banda base foi formada por Adriano Souza no piano, Dôdo Ferreira no contrabaixo e o incrível João Cortez na bateria. E as participações especiais, de Marcelo Martins no saxofone, Jessé Sadoc no trompete e nas faixas bônus de Ricardo Silveira na guitarra e Jefferson Escowich no contrabaixo e Jurim Moreira na bateria.
 
Destaques para “Água de Beber”, “Samba de Uma Nota Só”, “Ciúme”, “A Rã”, “Novo Acorde” e as minhas preferidas “E Nada Mais”, “Vagamente”, “Minha Saudade/Bim Bom”, “O Que É Amar” e “Caminhos Cruzados”.
 
Outra grande obra musical desta paulista batizada e convertida a carioca. Entre escolher o formato DVD ou CD, não tenha dúvida, fique com os 2 formatos.
 
Um banquinho, um violão, Wanda Sá e a Bossa Nova no coração. Viva !!!