Por: Isabela Haiek
Apesar de o código de área 013 representar as linhas telefônicas de todas as cidades da Baixada Santista, Litoral Sul e Vale do Ribeira, são os moradores de Santos que se apropriaram do número e o transformaram numa espécie de símbolo, que representa o “orgulho de ser santista”.
Foto: Marcela Sanches
Este número, pra lá de cabalístico, ganhou notoriedade com o lançamento do último álbum da banda Charlie Brown Jr, o “La família 013”. Figura conhecida em todo o Brasil, o vocalista Chorão fazia questão de exaltar o nome da cidade, por onde andasse. “Para ele, era o maior orgulho dizer que era de Santos, e ele fazia questão de dizer isso nas músicas e onde quer que fosse”, conta o ex-baterista da banda Bruno Graveto.
Foto: Ygor de Oliveira
Vestindo a camisa. Literalmente
Não basta viver em Santos. Para quem mora aqui, é preciso expressar o que isso representa. O criador da marca de roupas Los Santos decidiu levar adiante a filosofia 013, que está ligada à praia, à cultura e aos esportes, tão presentes na vida caiçara. Para isso, em janeiro de 2013, lançou sua marca como forma de homenagear a cidade. “Nas estampas, o foco era levar Santos para o mundo, mas fugindo do brega e do ‘lugar comum'”. Camisetas com expressões como “caiçara”, “from Santos Beach” e “TU” logo fizeram sucesso. O baterista Graveto foi um dos que apoiaram a ideia e vestiram a camisa.
Antes da explosão do símbolo, ele já era muito presente para outros santistas. O rapper e tatuador Ewerton Henrique de Oliveira Cunha já era conhecido como “O 13” e levava esse estilo para sua vida. “O 013 vem para representar que somos nascidos e criados aqui, é algo que mostra nossa identidade local”, explica Ton, que é tatuador há quase seis anos e tem uma loja especializada, chamada “Zer013”. Ele conta que desde que abriu o local, em dois meses, já tatuou mais de 10 pessoas com símbolos ligados à cidade. Ele mesmo tem o número tatuado na pele.
Foto: Leandro Amaral
O santista Leandro Serra é um dos que mostram na pele o amor pela cidade. Em setembro do ano passado, ele tatuou um skatista andando pelo calçadão da cidade. A imagem mostra uma marca registrada: as muretas dos canais. “Essa tatuagem foi a forma que encontrei de fugir do ‘lugar comum’. Tem as clássicas muretas também, e representa um pouco das coisas que gosto, o skate e minha cidade”, diz.
Número de doido
O “13” também pode servir para chamar alguém que não bate bem da cabeça. A relação vem da CID 10 (Classificação Internacional de Doenças), um mecanismo da Organização Mundial de Saúde (OMS) para padronizar a codificação de doenças. Na categoria F, o item 13 é reservado para designar as pessoas com “transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de sedativos e hipnóticos”. Durante e ditadura militar, esse código foi muito utilizado (e banalizado) para rotular os considerados loucos. Então, até faz sentido os “doidos por Santos” usarem o 013…