O nome da doença pode até ser um pouco engraçado, mas os problemas que ela provoca são bem sérios. A gota é a inflamação dos tecidos causada pela cristalização do ácido úrico dentro das articulações.
É uma doença predominantemente masculina adulta (95% dos casos ocorrem em homens entre 30 e 50 anos) e tem o consumo de álcool como precipitador, sobretudo no verão, quando o clima quente e o tempo de recreação estimulam alimentação inadequada e baixa hidratação.
Estima-se que uma em cada 3 mil pessoas tenha gota no Brasil, e a maior parte dos casos demora para ser diagnosticada por falta de atenção do paciente ou por acreditar se tratar apena de uma inflamação passageira. “Grande parte dos casos acontece nos pés, e a pessoa chega a ficar semanas sem conseguir sequer usar calçados”, alerta a reumatologista Evelin Goldenberg, da Unifesp.
Outras articulações podem ser acometidas, como joelhos, tornozelos e mãos. O ácido úrico elevado pode ainda causar tofos (inchaço causado pelo acúmulo de cristais debaixo da pele), pedras nos rins e, em casos graves, insuficiência renal. Pode ser ainda fator para doença cardiovascular, se associado com colesterol elevado, pressão alta e obesidade.
De acordo com a especialista, a alimentação responde por cerca de 10% do volume de ácido úrico presente no organismo, e normalmente provém de alimentos como feijão, carnes, embutidos, frutos do mar e peixes – esses últimos com consumo mais comum no verão. “90% do ácido úrico do corpo, em média, é resultado do metabolismo do DNA. Mas esses 10% advindos da alimentação podem fazer a diferença entre desenvolver ou não a doença”, explica a especialista.
Prevenção e tratamento
Reduzir o índice de ácido úrico, a partir do controle da alimentação e ingestão de álcool, é a principal recomendação médica para evitar o desenvolvimento da gota, assim como manter o corpo bem hidratado com o consumo de água e sucos. “O tratamento é complicado, pois é preciso dissolver as proteínas cristalizadas que estão causando a inflamação”, explica.
Segundo ela, o tratamento com anti-inflamatórios e colchicina é amplamente aceito pela comunidade médica, mas as possibilidades estão se ampliando. “Pesquisas promissoras sobre medicamentos de efeito rápido e capazes de dissolver os tofos foram apresentado no Congresso Anual do American College of Rheumatology, realizado em novembro deste em Boston”, completa.
Entretanto, a prevenção continua sendo prioritária. “O mais importante é manter os níveis de ácido úrico baixos, evitando novas crises”, conclui.