Suas expressivas obras muito coloridas, alegres, retratam lugares da nossa Santos e, bem brasileiras, já foram admiradas em Paris, Nova Iorque e vários países do mundo. Com muito carisma e alto-astral a talentosa Luciana abre o coração á página.
De onde surge inspiração para criar obras tão coloridas?
Acredito que o colorido seja a minha alegria de viver. Adoro a vida, as plantas, o aroma… Adoro olhar o oceano, as cores que mudam sempre, fechar os olhos e ouvir as ondas… O canto dos pássaros, sentir o vento, ver a lua… Enfim, a natureza tem toda influência, e nós fazemos parte dela. Somos animais e, como tal, temos que, por muitas vezes, pisar na terra sem sapatos, deitar na grama, olhar as estrelas… isso tudo reflete na minha arte, que é alegre como a vida, sem dúvida. Temos sempre que procurar o lado bom dela, por pior que seja, sempre tem um ensinamento, ou o lado bom.
O uso das cores tem a ver com a sua personalidade? É solar como o que você pinta?
Com certeza tem a ver, sim, com a minha personalidade. Que bom, pois me agrada muito observar os quadros divertidos e coloridos que crio. Sou assim, o meu lado criança é mais presente que o adulto, reconheço. Aliás, acredito que todas as pessoas deveriam tentar manter a alegria e sinceridade das crianças. Porque, depois de adultos, temos de ficar com a “cara fechada”? Por que não dar uma gargalhada de vez em quando? Por que não apostar corrida? Temos que rever a nossa vida, pois ela passa muito rápido… Temos de ser mais felizes, e cada qual tem que buscar a felicidade em seu coração… Problemas? Todos temos e faz parte, mas não podemos permitir que a tristeza vença jamais!
Você pinta desde os sete anos. Acredita que o incentivo é a verdadeira “fábrica” de novos artistas?
Sem dúvida, aliás, incentivar e elogiar são a verdadeira “fábrica” de pessoas de bem com a vida. Os pais geralmente reclamam e esquecem de elogiar! Uma pena… Quando eu era criança, vivia com lápis de cor, argila, recortava papéis, fazia teatro, que adoro, e me fantasiava… Sempre criando e desenhando, esperando o elogio de minha mãe. Eu pintava para mim, mas para ela também… Assim, acreditei na minha arte. Nasci assim, nunca fui levada a isso. Eu “busquei” sozinha, “coisa de outras vidas” mesmo… E, aos sete anos, ganhei o meu primeiro cavalete de pintura, tintas, telas e pinceis. Ganhei um mundo colorido, que até hoje existe dentro de mim.
Por que você costuma dizer que, com a pintura, ganhou o mundo inteiro?
Acredito que a arte, em sua totalidade, ganhou o mundo…. Digo isso porque, com a internet, muitas pessoas mostraram o seu lado artístico “sem medo de ser feliz”. Não está mais “nas mãos” dos marchands a divulgação e vendas de quadros… E nem mesmo só entre decoradores… O artista contata diretamente as galerias, os museus sem o “medo” de ser barrado. Não precisa mais fazer parte da antiga “panelinha” que, obviamente, ainda existe, mas está perdendo a guerra. Acredito também que muitas e novas formas de arte surgiram na era digital.
As artes plásticas são valorizadas no Brasil?
Não, não são. Digo que o nosso governo não valoriza como deveria. Veja que eu expus recentemente no Louvre, de Paris, em Nova York e em vários outros lugares. Nunca recebi um incentivo do nosso país. Quando eu viajo, sempre vejo por todos os lados museus de Miró, Picasso… E aqui, o que temos? Nossos artistas têm tudo para merecer estes espaços… Onde estão Portinari? Tarsila do Amaral? Cicero Dias e muitos outros? Mas com relação à minha arte, não reclamo, sou valorizada pelos santistas e pelos brasileiros, mas não pelos governantes.
E sobre o seu livro, o que o público pode esperar?
O livro foi feito com muito carinho e por dois motivos: divulgar mais a minha arte no Brasil e exterior, enviando exemplares para as galerias , museus e afins. E, também, para mostrar os vários quadros que já foram vendidos, que estão nas casa dos compradores e que acho que são lindos e merecem aparecer. Gosto muito do que faço e sou exigente comigo mesma, cada dia mais, por isso quando digo que acho uma pintura minha linda, digo para mim mesma, pois criei, desenhei, escolhi as cores, a textura o suporte e “namorei” por muito tempo… Somente efetuo a venda quando considero perfeito para mim. Felizmente, não pinto pensando em agradar “Chico ou Francisco”, pinto para o meu agrado…
Qual foi o critério de escolha das obras para o livro?
Selecionei alguns quadros que eu mais gosto de dez anos para cá… Pois desde 1985 (aos 16 anos) eu exponho… Muitas telas ficaram de fora, pois também eu não tinha mais foto delas, infelizmente… As livrarias Martins Fontes e Realejo estão com os livros à venda e em meu ateliê, que reabrirei em breve, e em meu site.