Na carreira, sempre foi um inovador e um dos grandes responsáveis pela difusão do Jazz Fusion, numa aproximação do Jazz com o Pop, R&B e o Soul, incorporando a sonoridade do piano elétrico em suas apresentações e gravações.
Fundou, na década de 50, o lendário grupo The Jazz Crusaders, ao lado do incrível trombonista Wayne Henderson e de outros amigos da Universidade do Sul do Texas, que frequentou na época.
O grupo mudou de nome para The Crusaders, no início da década de 70, quando resolveram incluir um contrabaixista e um guitarrista. A formação original do grupo era apenas de piano, bateria, saxofone e trombone. Lançaram mais de 40 discos, até a dissolução oficial em 1987, sempre frequentando a lista dos mais vendidos de diversas paradas musicais e conseguiram também boa aceitação da crítica especializada, tornando-se referência até os dias de hoje.
Reuniram-se depois da dissolução de forma especial em estúdio e para algumas apresentações pontuais, para alegria dos seus inúmeros fãs.
Como líder também gravou discos memoráveis, mais de 20, e um deles, muito especial para mim, o CD “Invitation”, do ano de 1993, lançado pelo selo Warner Bros., recheado de “standards”. Sua levada no piano acústico é de emocionar.
Outra participação inesquecível, para mim, foi ao lado do guitarrista e cantor George Benson, no ano de 2000, nas gravações de estúdio do CD “Absolute Benson” e, em 2001, como convidado especial do DVD “Absolutely Live”, gravado ao vivo na Irlanda.
Realizou inúmeras contribuições muito marcantes ao lado de Marvin Gaye, B.B.> King, Tina Turner, Joni Mitchel, Miles Davis, Eric Clapton, Anita Baker, entre outros nomes especiais.
Tive a honra de ver uma das suas apresentações aqui no Brasil, na edição do ano de 1994, do saudoso Free Jazz Festival, numa apresentação do contrabaixista Marcus Miller & Friends, que reuniu Al Jarreau, Djavan e Joe Sample.
Esteve em turnê pela Europa recentemente com o seu novo grupo, o “Creole Joe Zydeco Band”, mostrando sempre muita alegria e vitalidade, apesar de algumas limitações de saúde, que sempre o acompanharam.
Joe Sample infelizmente não vai poder ver seu último trabalho gravado “Children Of The Sun”, com previsão de lançamento póstumo para os próximos meses. Com certeza, agora um CD muito mais especial e simbólico. Até breve, Joe Sample.
Carol Saboya – “Belezas”
Sem dúvida, o ambiente musical, onde foi criada, foi decisivo para a escolha do seu caminho de se tornar cantora. Por sinal, uma cantora e tanto, dona de uma uma voz cristalina e muito afinada.
Para quem não sabe, a cantora carioca Carol Saboya é filha do grande pianista e produtor Antonio Adolfo, que desenvolve e divide sua ativa carreira entre os EUA e o Brasil.
Este CD, lançado pelo selo AA Music, apenas com composições de Ivan Lins e Milton Nascimento, foi lançado em 2012, primeiro para o mercado americano e depois por aqui. Algo bastante comum nos dias de hoje. E, curiosamente, foi o primeiro disco de carreira dela lançado em solo americano.
Encantei-me pelo seu talento desde os seus primeiros trabalhos, dos anos de 1998 e 1999, com “Dança da Voz” e “Janelas Abertas”, com músicas de Tom Jobim e gravado ao lado pelo violão mágico de Nelson Faria, ambos produzidos pelo saudoso e criativo produtor Almir Chediak.
Carol Saboya canta as canções em português e algumas versões inéditas em inglês, assinadas por Jane Monheit e Brenda Russell, que garantiram muita qualidade ao trabalho.
Ao seu lado estiveram Antonio Adolfo no piano, arranjos e produção, Claudio Spieewak na guitarra, Jorge Helder no contrabaixo, Rafael Barata na bateria e percussão e os convidados especiais Dave Liebman no sax soprano e tenor e Hendrik Meurkens na harmônica.
Meus destaques ficam por conta de “Bola de Meia, Bola de Gude”, “Tristesse” e “Tarde” de Milton e “Who Is In Love Here (A Noite)”, “Doce Presença” e “Velas Içadas” de Ivan.
Um trabalho que sai do lugar comum, tanto no repertório quanto na sonoridade, que mistura o Jazz com ritmos bem brasileiros. Mistura perfeita e colocada na dose certa.
Roberto Taufic & Eduardo Taufic – “Bate Rebate”
Impressionante sentir a relação de cumplicidade e afinidade musical destes dois irmãos. Fato raro hoje em dia, que merece todo nosso destaque e admiração. Um no violão e outro no piano. De coração para coração. Um batendo em Natal e outro na Itália.
Tive a honra de conhecer bem de perto o trabalho do incrível pianista Eduardo Taufic, em Natal e Pipa, quando da sua participação especial nas apresentações da Sesi Big Band/RN, dirigida pelo competente maestro e saxofonista Eugenio Graça, que este ano convidou o cantor Ed Motta, para o Fest Bossa & Jazz.
Fiquei surpreso e encantado com o talento, simplicidade e imensa simpatia dele, e, no “backstage'” do festival, fui presenteado com alguns dos seus trabalhos.
Curiosamente, a primeira experiência só aconteceu em 2009, quando gravaram juntos o DVD “Dois Irmãos”, homenageando o Pai falecido.
Este, em especial, me chamou a atenção quando ouvi com atenção e é o mais recente, lançado de forma independente em 2011 e que retrata em toda sua plenitude, como o Brasil tem talentos raros, que merecem ser mais divulgados.
Contou com a produção, do também competente pianista André Mehmari, amigo da dupla e teve a participação especial da cantora Luciana Alves em 1 faixa. As outras 17 são instrumentais e autorais.
Ouça com atenção “Quando Vem do Coração”, “Ficou o Amor”, a faixa título “Bate Rebate”, “Assenza”, “Lembranças”, a minha preferida “Passeando”, “Real Picture”, “Sobre as Nuves” e a faixa cantada “É Assim”.
“Duo Taufic” é uma prova de que a música é algo sublime e especial. Encontro maduro, com belos arranjos e uma contagiante descontração que pode ser sentida desde os primeiros acordes. Caminho longo eles têm pela frente aqui no Brasil e pelo mundo afora. Raro talento de dois grandes músicos que transbordam expressão em notas musicais.