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É assim que tem que ser

08/08/2014
É assim que tem que ser | Jornal da Orla
Quem os tem, sabe. Filhos são uma fonte indescritível de emoções: do amor desmedido à preocupação excessiva (e até compreensiva), a verdade é que eles chegam causando um rebuliço sem tamanho em nossas vidas e, uma vez presentes nela, não sabemos mais viver sem eles. Os filhos têm diversas fases, todas com suas graças e desafios, que nos põem à prova e exercitam nossa capacidade de aprender, reciclar e renovar.
 
A tarefa de cuidar, formar e educar outro ser humano demanda muito tempo da vida e também muita dedicação, paciência, desprendimento. Trabalho ao mesmo tempo árduo e prazeroso, ideal para ser realizado a dois, mas que, em muitos lares, fica na incumbência da mulher. Há casos, porém, que por motivos diversos é o pai quem assume a responsabilidade, um papel social quase impensável até décadas atrás, quando por questão cultural o homem exercia tão somente a função de provedor do lar, mantendo distância segura dos afagos e mimos com a prole.
 
Sem sustos
O colunista social João Bernardo é um desses casos. Em 2007, com o falecimento da mãe, sua filha Maria Vitória, então adolescente, foi morar com ele. Mas não teve susto, garante o pai, até porque, apesar de viverem em casas separadas, ele sempre manteve um relacionamento bem próximo com a menina, participando de forma ativa da sua vida, sem se limitar aos horários preestabelecidos de visita. “A única diferença é que hoje nos vemos todo dia e acho que sou mais chato, cobro horários, ordem, organização, mas nem sempre a gente consegue o objetivo”, admite.
 
A separação dos pais ocorreu quando Maria Vitória tinha de 4 a 5 anos. “A mãe era mais emoção, eu um misto de emoção e razão. Acredito que tenha cumprido meu papel, de passar valores, princípios, de fazer cobranças de pai, não sei se assimilou tudo”, brinca o colunista, que perdeu seu pai quando tinha 6 anos de idade e foi criado pelo avô, que seguia o modelo tradicional, mais sério e fechado.
 
Pai e mãe
João Bernardo não viu dificuldade em exercer a função de pai e mãe, até porque ele procura seguir à risca as regras básicas da boa convivência: “é preciso ter limites, bom senso e respeito. São regras que valem tanto para o relacionamento pais e filhos como para se conviver bem no trabalho, na sociedade, na vida afetiva. É fácil viver, é tudo muito simples, desde que se tenha bom senso, tem que se respeitar a decisão do outro, o que não se pode é infernizar”, resume.
 
Filha e funcionária
Maria Vitória está com 24 anos, é formada em Rádio e TV e trabalha hoje no estúdio do pai, o que aumenta ainda mais a convivência diária. Como é ter a filha como funcionária? João Bernardo acha um pouco difícil, pois às vezes as relações se misturam. “Acho que sou tolerante demais, é meu jeito, sou muito paternalista com todo mundo”.
 
A filha define o pai como uma pessoa tranquila e sempre presente. “Ele me cobra bastante, mas ao mesmo tempo me deixa fazer bastante coisas. A gente gosta de sair para comer, quando um dos dois viaja mantemos sempre contato, ligando, enviando fotos”, diz. “Sou rigoroso na questão de horário, principalmente durante a semana, não é ciúme, é responsabilidade”, argumenta João. Já Maria Vitória assume ser ciumenta do pai: “sou leonina”, diverte-se, para concluir: “o amor se demonstra no dia a dia, é saber que posso contar com ele, é muito bom tê-lo por perto, sou muito agradecida por isso”.