Bom Remédio

Efeito placebo

10/07/2014
Efeito placebo | Jornal da Orla
A ciência busca explicar e entender os vários fenômenos biológicos. Um, não totalmente compreendido, é o efeito placebo. Ele se caracteriza por alterações orgânicas produzidas pelo uso de substâncias ou de práticas que não deveriam provocar nada, por serem inativos. Esse efeito é importante para o resultado final terapêutico. Alguns estudos apontam que cerca de 30% do resultado do medicamento seja fruto desse efeito. Há estudos que mostram que até alguns tipos de cirurgias podem produzir o efeito placebo.
Dada essa importância, as pesquisas com medicamentos, muitas vezes, precisam provar que o resultado do produto estudado é maior do que o simples efeito placebo. No desenvolvimento da pesquisa, quando algumas pessoas se apresentam como voluntárias para a experimentação, algumas delas receberão os produtos sem o princípio ativo. Isso é sério e legal, pois todo o processo é controlado por comitês de ética em pesquisa, para que não haja prejuízo para os voluntários. O controle é tão rígido que, nem o investigador diretamente envolvido com o voluntário sabe se é placebo ou medicamento de fato.
Vários fatores podem induzir o efeito placebo. A presença de cor nas cápsulas, por exemplo, promove maior eficácia. Algumas cores produzem mais um tipo de efeito, como o azul para o relaxamento e a cor rosa para a estimulação. De outro modo, a via injetável produz sensação de maior potência, sem ser verdadeiro. É uma via mais rápida, porém a via oral garante o mesmo resultado final, mas sem o forte apelo placebo da injeção.
A confiança exercida pelo médico também favorece resultados melhores para os medicamentos. E a credibilidade da estrutura da saúde, incluindo-se a farmácia, também ajuda positivamente. Algumas pesquisas mostram que certas características genéticas favorecem o efeito placebo, outros estudos apresentam que algumas características de personalidade têm papel fundamental, esses dados são fortes e produzidos pela ciência. Mas a questão não respondida é como a mente induz o organismo a facilitar a cura.
O efeito placebo pode ocorrer em todas as doenças. Os indivíduos portadores de transtornos psíquicos são mais suscetíveis, podendo chegar em até 70% dos casos. Mas até processos dolorosos podem ser controlados pelo efeito placebo. Até um certo limite, podemos aceitar que o corpo mantém uma via natural de cura, conforme apregoava Hipócrates. Mas a aceitação dessa premissa não nos permite deixar de procurar tomar decisões que são próprias dos médicos. Converse com o farmacêutico a respeito.
Se ainda tiver dúvidas, encaminhe-as para o Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM) do curso de Farmácia da Unisantos. O contato pode ser pelo e-mail [email protected] ou por carta endereçada ao CIM, avenida Conselheiro Nébias, 300, 11015-002.