Administrar medicamentos para as crianças não é fácil. O comprimido pode ser muito grande, alguns medicamentos têm sabor desagradável e a criança nem sempre é receptiva ao medicamento. Esses são alguns dos contratempos facilmente percebidos pelos pais. Além desses, outros fatores comprometem a prescrição médica, como a falta de apresentação de alguns produtos farmacêuticos específicos para essa faixa etária.
Crianças e adolescentes em processo de formação reagem diferentemente dos adultos às substâncias medicamentosas. Pode-se afirmar que há falta de conhecimento científico sobre a adequação do uso infantil para muitas das substâncias, porque há limitações éticas, legais e econômicas para estudos clínicos em crianças.
Mas se sabe que algumas substâncias prescritas para adultos são contraindicados em pediatria. Por exemplo, enquanto há certa segurança para a indicação infantil de ibuprofeno e paracetamol, é controverso o uso da dipirona em crianças. Já o diclofenaco é totalmente contraindicado para menores de um ano.
Outro problema para a prescrição médica se deve ao fato de que na formulação de muitos medicamentos, a concentração do princípio ativo é alta para o uso infantil, exigindo ajuste nas doses. O fracionamento de medicamento sólido indicado para adultos no ajuste da quantidade a ser administrado a um pequeno pode provocar erros. A apresentação dessas substâncias na forma líquida facilitaria o ajuste da dose. O Brasil, em relação a outros países, tem menos formas farmacêuticas líquidas disponíveis. Mas, quando a adaptação da forma farmacêutica for necessária, faça esse procedimento apenas em farmácias, garantidas por farmacêuticos.
A preocupação com o uso de medicamentos em crianças deve ser grande, devido ao alto consumo nessa faixa etária. Estima-se que 50% das crianças faça uso de quase dois medicamentos, em média, a cada quinze dias, quer por prescrição médica, quer por automedicação. Um terço dos casos está relacionado a problemas respiratórios. E nessa situação, sabe-se que muitos medicamentos são desnecessários ou inadequados.
Estudos científicos mostram que, para muitos dos problemas respiratórios infantis, a terapêutica medicamentosa nem sempre é a melhor escolha. Manter a criança bem hidratada, seja por via oral, seja por meio de inalações sem o acréscimo de princípios ativos, pode ser a melhor alternativa. Converse com seu médico a respeito.
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