Fábio Mello Fontes, atual presidente da Praticagem de São Paulo, desde criança, quando ainda morava na Euclides da Cunha, na Pompeia, vinha para a Ponta da Praia ficar na Ponta dos Práticos olhando fascinado a entrada e saída de navios, sempre pensando que um dia queria muito estar dentro deles.
Além de conquistar seu desejo, Fábio Fontes sempre atuou com paixão, profissionalismo e conhecimento nesses 56 anos de trabalho e virou referência da Praticagem. Por isso, a homenagem realizada hoje no descerramento da bandeira com as cores da praticagem para revelar a placa com seu nome na até agora conhecida como Ponte dos Práticos.
A ponte passou por uma reforma em sua estrutura, tem um novo flutuante de 20 metros (que amarra das lanchas por dentro e por fora) para aumentar a capacidade de abastecimento das embarcações no tanque de combustível vertical instalado no local e alojamento especial para os marítimos. As medidas não mudaram: 30 metros de avanço ao mar, com 13 metros na cabeceira da ponte.
Fontes ficou emocionado e surpreso (a escolha do seu nome foi mantida em sigilo) com a lembrança do seu nome: “Estou há mais de 50 anos na Praticagem e essa estrutura também faz parte de toda essa história. Fico muito feliz e agradeço a homenagem dos meus colegas. Muitos desconhecem a importância dessa ponte, ela é a plataforma que nos conduz ao trabalho ágil para atender mais de 14 mil navios por ano. Aqui ficam nossas lanchas e nossos marítimos que podem ser acionados em até meio minuto para atender às emergências em qualquer hora do dia ou da noite, como já foi comprovado em vários casos ocorridos no Porto de Santos”.
Para o vice-presidente, Bruno Tavares, a decisão foi acolhida pelos práticos com entusiasmo: “Fontes é um exemplo de dedicação e liderança para todos nós. Merece essa homenagem. Ele soube enfrentar os desafios da nossa profissão e continua dando sua contribuição”.
Homenagem merecida
Há 56 anos Fábio Fontes, pela oitava vez presidente da Praticagem de São Paulo, atua como prático no Porto de Santos e continua com o mesmo amor pela profissão. Nascido em Santos, desde pequena sabia que desejava vincular sua vida profissional ao mar.
Ele entrou na Escola da Marinha Mercante do Rio de Janeiro aos 19 anos. Terminou o curso em três anos, em dezembro de 1960 e seu primeiro navio foi o Presidente Deodoro. Trabalhou seis anos depois na empresa Fronape, como fiscal de navegação e imediato.
Depois de viajar pelo Brasil, queria viajar pelo mundo e em 1966 resolveu se transferir para a Cia Lloyd Brasileiro, a mais tradicional armadora do país. Resolveu tentar o concurso da praticagem para ficar mais tempo e mais perto da família e passou em primeiro lugar. Enquanto a média dos candidatos não passava de 75% dos acertos, ele passou de 85%. O exame foi na Escola de Pesca que funcionava no Museu de Pesca. A prova oral foi na Capitania. A manobra prática em volta do estuário fez com um rebocador da Wilson Sons.
História
A Ponte dos Práticos foi inaugurada pela Cooperativa de Trabalho dos Práticos da Baixada Santista no dia 29 de novembro de 1991. Com a coordenação do escritório de engenharia do prático e engenheiro Júlio Console Simões, teve projeto criado pelas arquitetas santistas Lucienne Guido e Lúcia Maria da Silva Lia. Júlio recorda que esse foi o último local designado pela Prefeitura para a construção de uma ponte. “As operações tornaram-se mais rápidas, e um número maior de lanchas passou a permanecer no local. Na ponte Edgar Perdigão, apenas duas lanchas podiam ficar atracadas.”
Antes disso e durante 51 anos, a Praticagem usou o atracadouro da Prefeitura na ponte Edgar Perdigão, mas era um grande risco para os práticos, como conta Júlio, que também foi presidente da Praticagem e do Conapra (Conselho Nacional da Praticagem): “A construção da ponte era uma necessidade urgente na época. Os práticos enfrentavam riscos ao atravessar duas ou três catraias antes de alcançar as lanchas para iniciar as manobras. Além do perigo de escorregar, esse método causava atrasos significativos nos embarques”.
O projeto da Ponte dos Práticos foi autorizado no dia 21 de julho de 1989 pela Prefeitura e Marinha e atualmente está sob a responsabilidade da Autoridade Portuária de Santos dentro do Polígono do Porto.
Foram 18 meses para a construção, com recursos próprios da Praticagem, e a inauguração compareceram o vice-almirante Waldemar Nicolau Canellas Júnior, representando Ministério a Marinha e o capitão dos Portos do Estado de São Paulo, Paulo Alfredo Borguy, entre outras autoridades da comunidade marítima. Na época, o presidente da praticagem era o prático Pedro Pholio.
