A cônsul geral dos Países Baixos em São Paulo, Wieneke Vullings, esteve no Aquário Municipal de Santos nesta quarta-feira (8) para conhecer a intervenção artística que une arte e reflexão sobre as mudanças climáticas, exposta na parede externa do ponto turístico. Durante a visita, a autoridade destacou as soluções que seu país vem adotando para enfrentar enchentes e apontou conexões com os desafios enfrentados por cidades brasileiras, como Santos e Porto Alegre (RS).
O conjunto de dez quadros, que segue em exposição até o início de fevereiro, foi criado durante uma residência artística de duas semanas com curadoria da santista Giovanna Di Giacomo. Promovido pelo Instituto Procomum e apoiado pela Embaixada dos Países Baixos no Brasil e Prefeitura de Santos, o Projeto Encheu reuniu a artista holandesa Anne Vera Veen e o brasileiro Julian Campos. A instalação combina bordados, colagens e reflexões poéticas sobre os desafios climáticos enfrentados por Santos e cidades holandesas.
“São obras muito impactantes que relatam um desafio global”, disse Wieneke, acompanhada da assessora cultural do consulado, Gabriela Presti. A cônsul destacou as soluções implementadas pelos Países Baixos para lidar com enchentes, como o conceito de build with nature (construir com a natureza). “São estratégias que podem inspirar cidades brasileiras, como Porto Alegre, onde também tivemos uma residência artística”.
Conexões culturais e desafios locais
Além de apreciar as obras e conhecer as atrações do Aquário, Wieneke e Gabriela conversaram com a curadora Giovanna Di Giacomo e a gerente institucional do Instituto Procomum, Isabella Luz, para tirar dúvidas sobre o processo criativo do projeto. As anfitriãs também explicaram as mudanças que Santos, especialmente a região da Ponta da Praia, sofreu ao longo dos anos devido ao aumento do nível do mar.
A instalação explora elementos da cultura local, como os bordados tradicionais do Morro do São Bento, e referências naturais, como o manguezal e o jundu, essenciais para a proteção costeira. Além disso, dialoga com uma realidade alarmante: projeções que apontam para áreas de Santos permanentemente submersas até 2050, afetando milhares de pessoas.
“Aprendi muito com especialistas e artistas holandeses, que trouxeram a abordagem de construir com a natureza, não contra ela. Essa mentalidade norteou toda a concepção do projeto”, disse Giovanna, destacando a troca de experiências entre Brasil e Países Baixos.
Aliás, o processo criativo também envolveu oficinas de bordado e colagem, que reuniram histórias de moradores do Dique da Vila Gilda, e a análise de imagens históricas, como as enchentes de 1953 na Holanda, ampliando a perspectiva para as conexões globais da crise climática.
A gerente institucional do Instituto Procomum, Isabella Luz, ressaltou o papel transformador da arte. “A gente acredita muito que a arte é uma ferramenta poderosa, especialmente em tempos de fake news. Ela aproxima as pessoas de temas complexos, criando um espaço de diálogo e entendimento”.
