Fronteiras da Ciência

O andar de cima

18/10/2024
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Às vezes estamos vivendo essa ilusão de mundo, numa espécie de “andar de cima”, deixando de perceber o que ocorre nos outros andares da vida

Em um grande shopping center, uma criança resolveu fazer uma brincadeira singela com as pessoas que passavam.

Sentada em um carrinho de passeio, esticava um dos braços tentando alcançar as mãos de quem vinha no outro sentido, propondo um cumprimento rápido.

Bastaria que o estranho tocasse numa das palmas que ela estaria satisfeita.

E lá foi ela, mergulhada na multidão, alegre e empolgada.

Começou a ver que alguns desviavam, outros tinham receio, outros nem sequer a enxergavam, pois estavam numa espécie de “andar de cima” do mundo. E a maioria deles estava com as mãos ocupadas.

Não sobraram mãos para mim! – Deve ter pensado.

As mãos estavam nas muitas sacolas, nas bolsas, nos smartphones, mas nunca livres.

Levou quase 5minutos para ela conseguir seu primeiro cumprimento cordial.

Ali, do “andar de baixo” do mundo, ela percebia, desde cedo, como o pessoal do “andar de cima, andava ocupado demais.

[com base na Red. do Momento Espírita]

E nossas mãos, como estão?

Ainda existe algum momento em que estejam livres para alguém mais?

Ainda existe disposição para uma tarefa extra, descomprometida, voluntária, quem sabe?

Mesmo dentro de casa, nos afazeres diários, como temos usado nossas mãos?

Ainda lembramos da sensação dos cabelos dos nossos filhos escorrendo pelos dedos?

Ainda lembramos da temperatura ou da textura da pele do nosso amor, sentida pela parte superior dos dedos?

Ainda nos recordamos do aperto de mão firme ou frágil daqueles que não estão mais por perto?

Benditas sejam as mãos.

Às vezes estamos vivendo essa ilusão de mundo, numa espécie de “andar de cima”, deixando de perceber o que ocorre nos outros andares da vida.

Passam por nós diversas mãos, pedindo auxílio, carinho, atenção, mas as nossas estão sempre ocupadas, sempre segurando coisas que, talvez, não sejam tão importantes assim.

Ajudar é gratificante. Doar é gratificante. Quanto mais você doa amor para o próximo, mais amor você recebe da vida. Quanto mais você ajuda, compartilha, conecta pessoas, cria e constrói pontes ao seu redor, mais a vida te retornará.

Ajudar o outro traz benefícios não só para quem está necessitado, mas nos alimenta também, nos beneficia, faz a gente crescer e se todos nós pensarmos cada vez mais dessa forma, teremos um mundo bem melhor.

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