O ministro Camilo Santana, da Educação, recebeu, na sede do ministério, nesta terça-feira, 20 de agosto, lideranças indígenas para tratar de ações para a educação voltada a esses povos e para assinar planos de trabalho.
Durante o encontro, foram pactuados o repasse de R$ 32 milhões para construção de escolas nos territórios Yanomami e o investimento de mais R$ 195 milhões para construção de outras escolas indígenas no País.
Além da construção de escolas, os recursos são destinados à manutenção dos espaços e à formação de educadores no território etnoeducacional Yanomami e Ye’kwana, de forma emergencial. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) ficará responsável por executar as obras. Além disso, o Instituto Federal de Roraima (IFRR) vai conduzir a formação de professores para atuarem junto aos estudantes Yanomami.
“O Estado brasileiro tem uma dívida histórica com os povos originários e sabemos das dificuldades que as secretarias estaduais e municipais têm de realizar ações nessas regiões”, disse Santana. “Pensando nisso, o MEC adotou uma nova estratégia e vai repassar diretamente os recursos para instituições federais de ensino, com a finalidade de agilizar a execução das obras e das iniciativas nos territórios, sempre prezando pelo diálogo e acompanhamento dos povos indígenas”, afirmou
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, defendeu os avanços na educação indígena, mas apontou que ainda é preciso fazer mais. “Mesmo com o que já conquistamos, sabemos que existem dificuldades enfrentadas por esses povos e que ações mais articuladas são fundamentais para a superação da crise humanitária e educacional. Políticas e iniciativas de educação indígena trabalham mais do que o quesito educacional dos povos, elas permeiam aspectos sociais e culturais dos territórios”, declarou.
O ativista e escritor indígena Ailton Krenak pediu mais participação dos povos na educação. De acordo com ele, “é muito importante que conselho consultivos, formados por membros da comunidade indígena, façam parte da tomada de decisões na educação indígena. Assim, podemos ajudar a garantir a efetividade das políticas e sua integração com a realidade dos povos originários”.
O presidente da Hutukara Associação Yanomami (HAY) e escritor, Davi Kopenawa Yanomami, destacou a união de esforços para a manutenção da educação escolar indígena. “É importante pensarmos juntos nessas políticas e ações para atingir o nosso desejo coletivo: a garantia da educação indígena com qualidade para os brasileiros”, afirmou Kopenawa. “Nosso povo precisa aprender a ler e a escrever, porque só por meio da educação teremos a capacidade de garantir os nossos direitos e a nossa terra”, finalizou.