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Meu Dostoiévski: Os Minutos Finais

19/01/2024
Divulgação

Há décadas o escritor e neurocirurgião Edson Amâncio vem tentando reconstituir o périplo de Dostoiévski pelo mundo, procurando rastros do autor em Paris, Londres, Basel, Dresden, Genebra, Vevey, Florença, Milão, Moscou, São Petersburgo e outros lugares. Viagens que incluíram não só uma visita ao túmulo de Dostoiévski como um encontro com um tataraneto do escritor no Museu Literário-Memorial F. M. Dostoiévski, em São Petersburgo. O lançamento está marcado para o dia 20 de janeiro, das 17 às 20 horas no Café Carioca, à Praça Visconde de Mauá, número 1, Centro, em Santos.

O neurocirurgião Edson Amâncio está lançando o livro ‘Meu Dostoiévski: Os minutos finais”, neste sábado (20) das 17h às 20h, no Café Carioca. Um apaixonado pela psiquê humana e curioso pelos transtornos que atingem figuras históricas, quando descobriu que Fiódor Dostoiévski sofria de epilepsia, começou a estudar com profundidade a vida e a obra do escritor, visitando inclusive a ex-União Soviética em busca de novas informações sobre o caso. Vasculhou indícios de possíveis influências da doença no estilo denso e muitas vezes delirante de seus livros, marcados por personagens desconcertantes e situações carregadas de absurdo e dramaticidade.

Como diz o jornalista e escritor Adelto Gonçalves, autor do prefácio, “O que o leitor vai encontrar aqui não é uma biografia a mais de Dostoiévski, mas, como o título da obra já anuncia, é o Dostoiévski que, a partir de muitos fatos verídicos, saiu da imaginação de Edson Amâncio. Seja como for, o mais importante aqui é o conhecimento que se ganha do ser humano, ou seja, de seus sentimentos, suas expectativas de vida, suas alegrias e suas tristezas.”

Quer do ponto de vista da ciência médica, quer nos aspectos estritamente literários, Edson Amâncio tornou-se um dos maiores especialistas na vida e na obra do magnífico autor de Os Irmãos Karamázov, considerado pelo pai da Psicanálise, Sigmund Freud, a “maior obra da história”.

Para a romancista, pesquisadora, professora e tradutora Aurora Bernardini, Edson consegue com seu taoento, estilo, achados e sua inteligência tornar instigante um gênero como a biografia — mesmo a de um monstro sagrado como Dostoiévski — que, a longo andar poderia se tornar previsível ou cansativa. “E como ele faz? Valeu-se de alguns procedimentos certeiros e/ou originais que ele introduziu na estrutura do texto (por sinal, conforme o leitor verá, fruto de pesquisas apaixonadas de toda uma vida), como: entremeando a voz de Dostoiévski com a de uma série de outros personagens: a mulher, o enteado, o biógrafo, os protagonistas de seus romances e… a do próprio autor, esse “fetichista literário” que confere ao relato uma vivacidade toda especial”.

Aurora também chama atenção para a introdução do suspense, que aviva o interesse do leitor por meio da descrição das possíveis aventuras de Dostoiévski na Índia em busca de gurus que, com seus dons paranormais, o livrassem do estigma da epilepsia, a doença que acompanhou o escritor desde sua primeira infância

A admiração pelo escritor russo aumentou quando o autor, já então estudante de Medicina, passou a ouvir os professores de neurologia citarem Dostoiévski, que sofria de epilepsia e que, por isso mesmo, criou vários personagens que padeciam do mesmo mal, cujo exemplo mais significativo é o príncipe Michkin, do romance O idiota (1869). “Depois, já formado, conheceu uma biografia de Dostoiévski e, desde então, nunca deixou de ler os livros do autor russo e ensaios, artigos e outras obras que se referiam a ele”, destaca Adelto.

Como  renomado médico e neurocirurgião, com mestrado e doutoramento na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Amâncio conhece à exaustão o que provoca um ataque de epilepsia, a sensação de conviver com a morte iminente, como deixou claro em seu recente livro “Experiências de Quase Morte (EQMs): Ciência, Mente e Cérebro” (Summus Editorial, 2021).