O plantio de espécies nativas da Mata Atlântica em áreas selecionadas será o primeiro de uma série de projetos a serem implementados no Monte Serrat que vão usar elementos da natureza para contribuir na adaptação às mudanças climáticas. Os detalhes foram apresentados aos moradores do bairro durante encontro neste sábado (13).
“Essa iniciativa, que conta com o apoio da Agência Alemã GIZ e do professor João Vicente, da Unesp (Universidade Estadual Paulista), visa criar corredores ecológicos que beneficiem tanto a flora quanto a fauna local. A medida não só contribuirá para a adaptação dos moradores às mudanças climáticas, mas também para a preservação da biodiversidade da região”, explica a engenheira agrônoma da Seção de Mudanças Climáticas (Seclima), da Secretaria de Meio Ambiente, Greice Pedro.
A intenção é enriquecer as áreas verdes já existentes nos morros e replantar vegetação onde foi suprimida. O plantio contribuirá para a preservação do corredor ecológico do Monte Serrat.
A inserção de espécies deve começar em março. Embora o cronograma detalhado ainda esteja sendo definido, a expectativa é que sejam contratadas pessoas da própria comunidade para auxiliar nas atividades. Dessa forma, o projeto também atende ao objetivo de gerar renda para os moradores.
PRÓXIMO PASSO
Outra ação que deve começar em breve é a criação de hortas comunitárias, um pedido dos próprios moradores, para atender a comunidade visando a segurança alimentar.
“É uma solução baseada na natureza e que vai contar com o apoio de professoras da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), com o pessoal do Composta Santos, pensando em agricultura urbana, em compostagem, ou seja, tem a ver com o reaproveitamento adequado de resíduos”, sinaliza a agrônoma.
Neste caso, a medida também se relaciona com geração de renda. “A ideia é começar uma capacitação a partir da identificação dos moradores e colocar a mão na massa, abrindo os primeiros espaços para essas hortas”, afirma Grace.
DETALHES
As oficinas com a comunidade fazem parte do projeto-piloto de Adaptação Baseada em Ecossistemas no Monte Serrat. Trata-se de realização da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam), por meio da Seção de Mudanças Climáticas (Seclima), considerando as mudanças climáticas e a necessidade de adaptação do Município, com a participação da Defesa Civil, por se tratar de área de risco que precisa receber novo uso.
“A ideia é trabalhar em soluções para poder recuperar as áreas com plantio e horta, que são medidas importantes para recuperar o ecossistema, mas também a instalação de espaços de convivência e de lazer para os moradores. Sempre que possível, em vez de construir uma obra de engenharia, com concreto, cimento, vamos fazer algo utilizando vegetação”, afirma geólogo Victor Valle, da Victor Valle.
De acordo com ele, a ideia é levar o aprendizado do projeto-piloto para outras áreas da Cidade que também precisam recuperar o ecossistema.
HISTÓRICO
A análise de propostas feitas pela comunidade teve início em 2019. No ano seguinte foram realizados dois workshops com os moradores, mas foram interrompidos devido à pandemia. Em 2023, o debate foi retomado e prossegue agora com os primeiros passos para a implementação das ações debatidas no ano passado.
“O desafio era encontrar soluções que fizessem sentido para os moradores, ajudando-os a se adaptarem às mudanças climáticas, como o aumento do nível de chuvas e do calor”, conta Grace.
A recuperação dessas áreas, com apoio da comunidade, a partir de Soluções Baseadas na Natureza (SbN), e Adaptação Baseada em Ecossistemas (AbE), é uma forma de envolver todos no debate sobre mudanças climáticas, porque as medidas serão implementadas em locais com risco de deslizamentos.