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Plínio Marcos escolheu o Jornal da Orla

17/11/2023
Plínio Marcos escolheu o Jornal da Orla | Jornal da Orla

Era uma tarde quente, não tão quente quanto nos dias atuais, do início de março de 1999, quando o escritor e dramaturgo Plinio Marcos bateu à porta do Jornal da Orla.

Naquela época a sede do jornal ocupava uma bonita casa na Rua Minas Gerais, 44, bem em frente ao Tênis Clube de Santos.

Plinio usava uma bermuda e sandálias de couro e foi direto ao assunto:

“Estou aqui porque eu gostaria de escrever para a minha cidade”.

Eu estava ao lado do publicitário Clóvis Edward Hazar, fundador do JO, e levei um susto.

Então perguntei:

“Por que você quer escrever no Jornal da Orla, se existem outros veículos mais importantes?”

A resposta, também curta e direta, foi decisiva para que Plinio iniciasse imediatamente a sua Coluna Janela Santista, que ele escreveu até sua morte prematura, aos 64 anos, em 29 de novembro de 1999.

“Porque eu tenho certeza de que não serei censurado no Jornal da Orla”.

Sempre polêmico, mas genial

Plinio Marcos era genial e para nós foi uma honra muito grande, ele ter escolhido o Jornal da Orla para escrever seus últimos textos.

Afinal, Plínio tinha currículo, capacidade e reconhecimento internacional para escrever a Janela Santista em qualquer dos grandes jornais ou revistas do país.

Por que nos escolheu?

Prefiro acreditar que tenha sido o dedo de Deus.

Trabalhos publicados em cinco idiomas

Seus textos e trabalhos como dramaturgo foram publicados e encenados em português, francês, espanhol, inglês e alemão.

O reconhecimento veio em todas as atividades: literatura, cinema, teatro, televisão.

Foram muitos, muitos prêmios.

Censurado e perseguido

Plínio Marcos, a exemplo de outros grandes escritores e artistas, foi perseguido e censurado pela ditadura militar.

Em 1969 foi preso em Santos, no Teatro Coliseu, por se recusar a acatar a interdição do espetáculo Dois perdidos numa noite suja, de sua autoria e no qual também atuava como ator.

Entre várias polêmicas, mais uma em Santos: o então prefeito Beto Mansur quis censurar a peça de Plínio, O assassinato do anão do caralho grande, programada para o Teatro Coliseu.

“Enquanto eu for prefeito de Santos, uma peça com esse nome não será exibida”, bradou Mansur.

Passados mais de 20 anos, nem eu nem o ex-prefeito Beto Mansur conseguimos afirmar com certeza se a peça acabou ou não sendo apresentada.

Fica o registro da polêmica, apenas um pequeno recorte do que foi a vida do genial e inesquecível Plínio Marcos.

Nossa eterna gratidão, Plínio.