Fabíola Cidral
Obrigada por me pegar no colo, cuidar de mim e me entregar ao mundo. Foi aqui que eu tive a certeza que ser jornalista era o meu sonho de vida e tenho o maior orgulho de ter o carimbo do Jornal da Orla na primeira página do meu passaporte profissional.
Cheguei ao Jornal da Orla em 1995 aos 17 anos de idade como estagiária do repórter Marco Santana. Estava no primeiro ano da faculdade e foi uma proposta meio enviezada, mas que eu aceitei na hora. Marco precisava de alguém para ajudá-lo e resolveu me contratar por conta própria com o aval da direção. À princípio eu era funcionária dele e não do Jornal. Minha função era escrever pequenos informes publicitários, mas a paixão pela reportagem era maior. Aos poucos (poucos nada, foi bem rápido) fui pedindo espaço para fazer mais. Queria ir para rua, entrevistar pessoas, criar pautas, fazer reportagens. Todo aquele ambiente de redação me fascinava, o cheiro do cigarro, as discussões políticas, o arquivo de fotos, o barulho da máquina de escrever e o telefone tocando sem parar.
Ficava quietinha observando o editor Edson Carpentieri nas suas apurações de política e depois a concentração na máquina de escrever (sim, ele não usava computador ainda) para escrever a sua tão esperada coluna da semana.
No outro canto da redação estava o incrível Carlos Mauri Alexandrino, um dos meus primeiros mestres. Ele era aquele professor malucão cheio de histórias pra contar e que dava asas às minhas ideias sem jamais bloquear o meu processo criativo.
Sempre chegando e saindo com várias pautas e novidades estava a grande jornalista Claudia Duarte Cunha. Ficava fascinada de ver como ela construía fontes e relações para aprender sobre saúde. O meu amigo cult da redação era o Christian Moreno, um cara gente boa que sabia tudo sobre cultura e tinha as colunas mais criativas.
Diante da minha dedicação aos informes publicitários e meus incansáveis pedidos, o meu ‘chefinho’ Marco Santana começou a me carregar para as reportagens com ele, foi me mostrando como fazia e abrindo espaço para eu fazer do meu jeito. E está aí o ponto. Desde o começo eu sempre tive a liberdade de escrever do meu jeito, dar a minha cara para as minhas reportagens e isso fez com que eu encontrasse desde muito cedo o meu próprio estilo.
Foram 5 anos de história e centenas de reportagens sobre Santos, comportamento, saúde, educação, cultura, até que chegou a hora de partir e voar. Arrumei um emprego no Jornal Vidaqui, um jornal de bairro em São Paulo, e logo na sequência consegui o meu tão sonhado lugar na rádio CBN, onde trabalhei por 20 anos e construi a minha carreira como apresentadora. Hoje estou no UOL apresentando programas ao vivo, debates políticos e redes sociais. A semente plantada pelo Jornal da Orla deu frutos lindos na minha carreira. A notícia sempre como ponto de partida, mas sem jamais esquecer a emoção para tocar o leitor, o espectador ou o ouvinte. Jornalismo é ouvir e contar histórias e esse é o grande ensinamento desse jornal que completa meio século com a missão de chegar às pessoas e abraça-las com informação, análise de qualidade, cultura, entretenimento e publicidade.
Parabéns, Jornal da Orla! Obrigada por transformar a minha vida e a de milhões de leitores nesses 50 anos. Vida longa ao seu jornalismo.