A arte-educadora e artesã Aniete Abreu presta sua contribuição ao movimento de emponderamento infantil e de busca pela cultura africana no livro Abayomi, a menina de trança, publicação da Hanoi Editora. A obra narra a jornada de uma menina negra que recebe a missão de proteger a natureza com a ajuda de amigos como o beija-flor Benedito e a borboleta Zabelê.
Para concluir sua tarefa, a pequena viaja até a cidade de Tietê, em São Paulo, onde interage com grandes personalidades negras. Dentre elas, destaca-se o músico Itamar Assumpção, figura importante da cultura popular brasileira.
A reconexão com os ensinamentos ancestrais está presente até no nome da protagonista, que na língua iorubá significa “encontro precioso”. Abayomi também é a maneira como se chamavam as bonecas que confortavam as crianças dentro dos navios negreiros, confeccionadas a partir de nós e retalhos das saias das mães escravizadas.
Ao abordar a importância da diversidade e do combate ao preconceito racial, a obra contribui para o desenvolvimento de valores como apreço pelas artes, cuidado com o meio ambiente e reverência pela ancestralidade. Com muita leveza, a história estimula o orgulho, promove o autoconhecimento e ajuda a fortalecer o senso de pertencimento dos pequenos.
Abayomi, a menina de trança abre portas para a compreensão de questões étnico-raciais, inspirando a luta por respeito, aceitação e igualdade. É um convite para que pais, mães, familiares e educadores incluam as crianças em conversas sobre a importância do resgate histórico e da educação antirracista, temas fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
A autora
Desde 2015, Aniete Abreu ministra oficinas de bonecas Abayomi para promover o resgate da herança da diáspora africana e valorizar as contribuições da população negra, muitas vezes ignorada e invisibilizada em comparação a outros grupos. Os brinquedos são produzidos com materiais de descarte de empresas têxteis, evidenciando a preocupação socioambiental da autora.