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Como água para chocolate

08/11/2023
Como água para chocolate | Jornal da Orla

O cativante realismo fantástico numa de suas melhores luzes 

Serão doze capítulos, cada qual relacionado a um mês do ano e a uma receita culinária. Foi com este peculiar sumário que a mexicana Laura Esquivel formatou o seu romance Como Água para Chocolate, um festejado sucesso editorial multitraduzido e elogiado pela crítica especializada.

O livro conta a sina de Tita, sucessora direta de uma linhagem de extraordinárias e devotadas cozinheiras. É sempre pela cozinha – palco de vida de Tita – que passarão amores e desamores, risos e choros, tristezas e alegrias. Ao lado do lendário ofício culinário transmitido de geração para geração, Tita terá de lidar com uma terrível tradição familiar.

O enredo do livro, absolutamente original e estreitamente ligado aos princípios do realismo fantástico sul-americano, é repleto de acontecimentos excêntricos até o seu descortinamento final, com a surpreendente revelação de quem narra o livro. Um romance cativante, emotivo e diferente de tudo o que está por aí.

 

Motivos para ler:

1- Laura Esquivel iniciou sua carreira artística escrevendo roteiros cinematográficos. Em 1989 publica Como Água para Chocolate, o primeiro romance de uma vasta e bem-sucedida carreira literária. O livro foi adaptado para o cinema em 1992 e, tal qual o livro, alcançou enorme sucesso de público e crítica;

2- Para quem não tem uma ideia clara do que seria o movimento literário do realismo fantástico, Como Água para Chocolate certamente funcionará como um guia com sua sucessão de inacreditáveis eventos imbricados no cotidiano das pessoas, tudo envolto por um rico e engraçado misticismo. É mais um dos tantos tesouros culturais destas cercanias sul-americanas;

3- O livro se debruça do início ao fim sobre uma aterradora tradição familiar. Esse aspecto põe em discussão uma questão sempre acesa: o conflito geracional causado pela imposição de antigos valores sobre a vida contemporânea. Se é certo que costumes tradicionais merecem ser revisitados e aprendidos para que não se percam na história, é de igual certeza que esses valores não devem servir de argumento para limitar a liberdade de escolha das pessoas.

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