Santos

Cinzas, fumaça e destruição

07/09/2023
Matheus Vieira/Jornal da Orla

Esse é o resumo do cenário que encontrei no local onde ocorreu o incêndio que teve inicio por volta das 22h da segunda-feira (4) e destruiu cer­ca de 160 casas de madeira no Dique da Vila Gilda, no cami­nho São José, em Santos.

Apesar do auxílio da po­pulação para conter o fogo, os bombeiros levaram mais de quatro horas para contro­lar a situação.

Destroços dos barracos atingidos pelo incêndio no Dique da Vila Gilda

A primeira vista não é possível enxergar o estrago, já que as casas de alvenaria escon­dem as palafitas e barracos onde o acesso só é possível pelos becos. Entretanto, fui surpreendido por uma pilha de carcaças de eletrodomésti­cos carbonizados no melo da rua, cercada de pessoas senta­das nas calçadas e nos estabe­lecimentos em volta.

Diversos eletrodomésticos estavam reunidos na entrada do Caminho São José

Eu cheguei no local cerca de 12h após o incêndio, mas ainda assim era possível en­xergar pequenos focos de chamas e brasas, que ainda queimavam um ou outro pe­daço de madeira e papel e soltavam muita fumaça. A ex­pressão de cansaço. tristeza e desespero estava estampada nos rostos das famílias.

Por lá, além dos morado­res – dos que ainda tinham uma casa – que recolhiam os pertences que sobraram e limpavam a casa, crianças circulavam pelos destroços procurando fios de cobre ou qualquer outra peça que pudessem vender para fazer um trocado. Parece que nada tinha acontecido pra eles. Andavam com um sorriso que ficava cada vez maior a cada peça que achavam.

Também estavam presen­tes os animais de estimação, como Bob e Max, pets da au­tônoma Jennifer Cristina de Telles, que chegou no local há 2 anos e terá de se abrigar na casa do irmão. Sobre os ca­chorros, ela ressalta que será difícil a adaptação. “O local pra onde eu vou já tem um cachorro, vai ser complicado pra eles se adaptarem a um novo local Eu não sei nem como vou conseguir comprar ração pra eles”, afirma.

Caminhando um pouco pela rua lotada, a informação deque a UME Prof. Pedro Cres­centi estava distribuindo al­moço começou a circular. Che­guei na escola junto com uma remessa de doações sob os alertas dos guardas municipais: ‘Amanhã, as doações acontecem no Arte no Dique!”

A escola ainda estava vazia (de pessoas) mas lotada de doa­ções, como roupas, comida, água ou produtos de higiene pessoal Algumas famílias Já estavam escolhendo roupas e recolhendo doações.

Famílias receberão auxílio

Em nota, a Prefeitura de Santos afirmou que a COHAB­-Santista vai utilizar o cadastro da Secretaria de Desenvolvi­mento Social (Seds) para veri­ficar se essas pessoas já serão atendidas pelo Conjunto Ha­bitacional Tancredo Neves III e irá agilizar a mudança das famílias atingidas.

A Prefeitura ainda Informou que existem mais 1298 unida­des habitacionais em constru­ção, dessas 1014 são para o atendimento de famílias que vivem em palafitas.

A Prefeitura declarou esta­do de emergência e irá pagar um auxílio emergencla1 s famílias atingidas. O primeiro auxilio deve ser pago ainda nesse mês de setembro como valor de R$ 1.200,00; nos meses seguintes o pa­gamento será de R$600 até que as famílias sejam contempladas pelos proje­tos habitacionais.

A prefeitura também irá oferecer assistência psico­lógica e social para atender as famílias.

Doações

Existem diversos pontos espalhados pela cidade recebendo doações. o Fundo Social de So­lidariedade (Av. Conselheiro Nébias, 388,Encruzilhada) vai funcionar 24h. A Prefeitura Regio­nal da Zona Noroeste também está recebendo doações (Avenida Nossa Senhora de Fátima, 456/460).A quadra da Unidos da Zona Noroeste (Rua Prof. Francisco de Domênico) e o Arte no Dique(Av. Brigadeiro Faria Lima,1349) também estão recebendo donativos.